O Banco de Portugal (BdP) considera que ainda são insuficientes as medidas aplicadas pelos bancos que supervisiona para lidarem com riscos climáticos e ambientais, que podem ter impacto negativo na sua atividade, segundo o relatório hoje divulgado.
De acordo com o Relatório Anual sobre a Exposição do Setor Bancário ao Risco Climático, no caso dos maiores bancos (os diretamente supervisionados pelo Banco Central Europeu) as análises do BCE indicam que há um “progresso gradual” na gestão dos riscos climáticos e ambientais, ainda que “permaneçam, em alguns casos, deficiências severas que necessitam de ser endereçadas no curto prazo”. O BCE, refere o BdP, admite mesmo recorrer a medidas “mais severas”.
Já no caso dos bancos médios e pequenos, que em Portugal são supervisionados pelo Banco de Portugal, o documento indica que “as medidas implementadas são ainda insuficientes para assegurar um adequado alinhamento das práticas de identificação e gestão do risco climático e ambiental”.
Para o supervisor e regulador bancário português, há a necessidade de os bancos “acelerarem os esforços de adaptação, para assegurar o cumprimento das orientações do supervisor de forma plena e tempestiva”.
A análise da exposição dos bancos ao risco climático e ambiental avalia o impacto de fenómenos como incêndios, secas ou chuvas intensas na capacidade de os clientes pagarem os créditos aos bancos, assim como do impacto desses fenómenos na desvalorização dos ativos dados como garantia (por exemplo, desvalorização das casas que garantem empréstimos).
Em específico, a edição deste ano analisa o risco de incêndio rural, a que Portugal é especialmente vulnerável, pois os incêndios são um dos riscos climáticos físicos mais significativos no Sul da Europa (o ano de 2024 foi o mais quente a nível global), através do impacto no crédito concedido a particulares e empresas.
Segundo a análise, é limitado o risco na carteira de crédito de particulares e empresas da exposição a incêndios rurais.
“Considerando os níveis mais elevados de perigosidade de incêndio rural, a exposição direta a este risco da carteira de crédito dos bancos a empresas e particulares é limitada. No caso do crédito a empresas, a conjugação do nível de perigosidade de incêndio rural com a classe de risco de crédito não revelou a existência de concentração de riscos”, lê-se no relatório.
O estudo usa ainda os incêndios de junho e outubro de 2017 para avaliar o impacto de eventos extremos de incêndio no risco de crédito.
Aí, “os resultados evidenciam um aumento da probabilidade de incumprimento das empresas diretamente afetadas pelos incêndios de 2017 que são de setores cuja atividade é mais sensível ao impacto de incêndios (agricultura, silvicultura, indústrias da madeira e fabricação de pasta e papel)”, refere o BdP.














































