Durante a infância e juventude, o dia de aniversário da minha esposa coincidiu muitas vezes com os longos dias de silagem em que era preciso ajudar a família a espalhar a silagem de milho no silo de forma manual, com ganchos e forquilhas. Na minha casa era igual. Poucos anos antes de casarmos comecei a recorrer ao serviço de automotriz para cortar milho, o trabalho de espalhar ou “abrir” o silo passou a ser feito com trator, mas desde então surgiu a nova tarefa de preparar o almoço para a equipa que nos vem ajudar. Antes eram semanas de trabalho, agora é apenas um dia ou dois, mas por causa do clima, de avarias que atrasam, da maturação do milho ou da agenda apertada dos prestadores de serviços alguns dias de aniversário continuaram condicionados pela silagem. Este ano o aniversário coincidiu com um fim de semana e porque já tínhamos o silo fechado e os miúdos ainda não tinham aulas, aproveitámos para finalmente visitar a barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Europa, passando no paredão e passeando de barco desde a praia fluvial de Monsaraz até à ilha dourada. Pelo caminho visitamos uma família amiga, e na cidade de Évora visitámos o Templo de Diana, Praça do Giraldo, Capela dos Ossos, a Igreja de S. Francisco, a colecção de presépios que alberga e subimos a torre da Sé Catedral. Passámos ainda no fluviário de Mora.
Partilho estas coisas porque são bonitas, porque merecem a vossa visita e partilho também para “desafiar” muitos colegas agricultores que têm limitações como nós e trabalham ainda mais do que nós, para se decidirem também a sair e descansar um pouco com a família. É possível, é muito importante, há muita coisa bonita para ver, o trabalho fica um pouco atrasado mas sabe melhor e rende mais quando voltamos.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.