O primeiro-ministro e o seu Governo são uma ficção, são uma orquestra escondida no túnel do comboio fantasma.
A grande novidade deste Governo é que vai enviar a cada português uma carta invocando “escusa de responsabilidade”. Só deste modo se consegue perceber o deserto político em que este País está transformado. Se, por um lado, temos um deserto, do outro lado o País é inalado por um mar de chamas que queima recursos, propriedades, sonhos e exporta o fumo pelo vento que o transporta sem custos até Madrid. Os custos ficam em Portugal enquanto o Governo recusa responsabilidades e outras vaidades. Os custos pagam os portugueses no deserto da terra queimada com a acrobacia dos “meios aéreos” e os “relatórios técnicos” que aguardam outro tempo e outras circunstâncias. Enquanto o País se consome a si mesmo, o Governo não se vê, não se ouve, não se adivinha, apenas o exército vermelho dos bombeiros nas florestas de Portugal. E as declarações de um Ministro da Administração Interna iluminadas pelos holofotes das chamas. É o Ministro de turno.
O silêncio do Presidente da República e as palavras do Presidente da República justificam a alienação do Governo, legitimam a impotência de um Executivo que devia receber da Presidência uma intimação nacional invocando uma “situação de alerta” político. Mas não. Viciado em banhos de praia, o Presidente da República resolve este ano passar as férias como Comentador Oficial da República, como se a política fosse um jogo em que se inventam e desinventam “factos políticos”, como se a política fosse uma contabilidade de títulos em que se ganham ou se perdem pontos. No final, apenas se salvam os notáveis políticos. A figuração dos portugueses resume-se às imagens de televisão. Este ano ainda não […]