O ministro de Estado para a Coordenação Económica angolano disse hoje, em Camanongue, província do Moxico, que Angola começa a ser autossuficiente em alguns produtos agrícolas, mas continua “excessivamente” dependente de importações, como arroz, açúcar e trigo.
José de Lima Massano, que falava hoje na abertura, no município de Camanongue, do ano agrícola 2025/2026, referiu que para incentivar a produção dessas culturas que Angola ainda tem de importar, foi lançado o PlanaGrão e estão reservados cerca de dois milhões de hectares para permitir investimentos em escala.
O governante angolano disse que o setor agrícola é das principais molas impulsionadoras da economia angolana e “os resultados começam a ser sentidos um pouco por todo país”.
“Temos municípios em que a oferta já supera o consumo local, fazendo com que se comece a ter alguma autossuficiência e excedentes que estão a dinamizar o comércio rural. Nas bancadas dos mercados informais ou nas prateleiras dos estabelecimentos formais são os bens alimentares produzidos no país que dominam a oferta”, afirmou.
A batata-doce e rena, a mandioca, massango e massambala, milho, feijão e hortícolas são as culturas que já cobrem as necessidades de consumo, apontou o ministro.
Segundo o ministro, atualmente a agricultura representa cerca de 19% de toda a produção nacional, contra 13%, em 2017, crescendo a uma taxa média anual de 6% e é também a atividade produtiva que engaja o maior número de famílias angolanas, cerca de 3,2 milhões.
O governante angolano realçou ainda que a agricultura “é dos pilares mais estruturantes” para a diversificação da economia e inclusão social, frisando que o Governo tem-se focado “em melhorar o apoio que é prestado aos produtores agrícolas e pecuários, independentemente da sua dimensão”.
“O nosso país, pelas condições climáticas, disponibilidade de solos férteis, força de trabalho jovem, entre outros fatores, tem de ser capaz de acelerar a sua capacidade produtiva de bens essenciais de consumo”, salientou.
O ministro admitiu que ainda existem muitos desafios de infraestruturas de várias naturezas, de conhecimento, de acesso à terra, de disponibilidade de insumos e de financiamento para os produtores, mas o Governo está a “trabalhar com determinação para os ultrapassar”.
De acordo com José de Lima Massano, “as insuficiências das vias de acesso, das condições de armazenamento e de transporte são ainda uma preocupação relevante e que também pesam na estrutura de custo dos produtos nacionais”, mas têm sido alocados recursos para mais estradas, um pouco por todo o país.
Entre os progressos registados, José de Lima Massano disse que tem aumentado a oferta de sementes e insumos agrícolas, observando-se uma nova dinâmica na montagem de equipamentos de mecanização e maior abertura do sistema financeiro aos agricultores e produtores pecuários.
“No domínio das infraestruturas de apoio, pode-se destacar o aumento da oferta de água para fins produtivos e consumo animal com novos canais, como é o caso do Cafu e da recuperação de represas no Namibe. Estamos também a retomar a operacionalização dos perímetros irrigados e contamos ter em 2026 maior visibilidade de algumas destas iniciativas”, avançou.
Na campanha agrícola 2024–2025, Angola aumentou a sua produção em 8,5%, atingindo mais de 30,5 milhões de toneladas de produtos diversos, das quais se destacam 3,7 milhões de toneladas de cereais, um acréscimo de mais de 250 mil toneladas em relação ao período anterior, indicou o governante angolano.
Sobre os produtores pecuários, José de Lima Massano destacou que o aumento da sua produção “está também a ter um impacto positivo noutros setores da economia, nomeadamente na indústria alimentar, onde se verificou o crescimento de cerca de 60% no processamento de alimentos nos últimos 12 meses”, um dos níveis mais altos de que há registo.













































