A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu esta quinta-feira as celebrações do 25 de Abril, criticando os “saudosistas da ditadura”, e apelou aos agricultores para que cantem a “Grândola Vila Morena” e o hino nacional.
“Comemorar o 25 de Abril também é lembrar aqueles que […] lutaram para derrubar a ditadura fascista e conquistar a Democracia. Comemorar o 25 de Abril é lembrar e saudar o movimento entusiasta de organização que Abril despoletou junto dos agricultores portugueses e de outros rurais em torno da defesa de direitos e da resolução de problemas concretos”, apontou, em comunicado, a confederação.
Para a CNA, estas celebrações configuram também a defesa da democracia, num momento em que “os saudosistas da ditadura fascista […] querem ‘confinar’ o 25 de Abril ao silêncio”, devido à pandemia covid-19.
Assim, a confederação, juntando-se à comissão promotora das comemorações deste dia, apelou para que, às 15:00 do dia 25 de Abril, os agricultores cantem, à janela das suas casas “ou onde estiverem”, a “Grândola Vila Morena”, canção de Zeca Afonso, e o hino nacional.
No documento, a CNA lembrou que foi a partir desta data e “graças a muita luta” que as condições de vida e de trabalho dos portugueses, particularmente dos agricultores, melhoraram.
“Nem as dificuldades e os recuos verificados ao longo de anos em consequência de más políticas agrícolas e de mercados aplicadas por sucessivos governos e aplicadas pela PAC [Política Agrícola Comum], da então CEE [Comunidade Económica Europeia] e agora União Europeia, apagam a real importância das conquistas proporcionadas pelo 25 de Abril de 1974”, concluiu.
Devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, a Assembleia da República tinha decidido, na semana passada, realizar a sessão solene do 25 de Abril no parlamento com um terço dos deputados (77 dos 230 parlamentares) e menos convidados, com o gabinete de Ferro Rodrigues a estimar então que estivessem presentes cerca de 130 pessoas, contra as 700 do ano passado.
Na quarta-feira, a porta-voz da conferência de líderes referiu que na sessão solene vão estar presentes “menos de 100 pessoas”, entre deputados e convidados.
Na segunda-feira, a DGS reuniu-se com os serviços do parlamento para discutir as comemorações da revolução de 1974 e esta terça-feira, na conferência de imprensa diária de acompanhamento da pandemia em Portugal, a autoridade considerou que há todas as condições de segurança e controlo de infeção para comemorar “com dignidade” os 46 anos do 25 de Abril no parlamento.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou perto de 184 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Cerca de 700 mil doentes foram considerados curados.
Portugal contabiliza 820 mortos associados à covid-19 em 22.353 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 35 mortos (+4,5%) e mais 371 casos de infeção (+1,7%).
Das pessoas infetadas, 1.095 estão hospitalizadas, das quais 204 em unidades de cuidados intensivos, e o número de doentes curados aumentou de 1.143 para 1.201.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.