Tenho poucas dúvidas de que as alterações climáticas, que têm custos que vão bem para além da sua dimensão ambiental, são dos maiores desafios que a nossa geração tem para enfrentar. Vale a pena dar alguns exemplos tangíveis para que se perceba o que está já a acontecer a um mundo que aqueceu “apenas” 1.1 graus, em relação à realidade pré-industrial: em 2021 foram registados mais de 400 acontecimentos climáticos extremos, o que se traduz num desastre climático a cada 20 horas! No mesmo ano, perdemos floresta tropical ao ritmo de um campo de futebol por minuto. A lista podia continuar, mas não é esse agora o ponto. O ponto é sublinhar que as perspetivas para um cenário, hoje considerado muito otimista, em que somos capazes de limitar o aumento da temperatura global aos 1.5 graus do acordo de Paris são ainda mais trágicas. Se nada fizermos, as secas, as ondas de calor, os fogos florestais, os aumentos do nível do mar, a perda de biodiversidade, serão avassaladoras. E isso será particularmente verdade num país como Portugal, que é, no contexto europeu, dos países mais expostos aos efeitos climáticos.
A tarefa que temos pela frente é, pois, nada menos do que ciclópica. Mas a verdade é que há amplas razões para acreditar que temos condições para a levar a cabo. Do ponto de vista tecnológico, temos hoje disponível boa parte das soluções de que necessitamos. Do ponto de vista regulatório, há hoje, em particular na Europa, um generalizado alinhamento em torno de objetivos e […]