No final de junho realizou-se o 1.º Balanço da Campanha dos Citrinos, numa iniciativa promovida em parceria pelo Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN) e a AlgarOrange.
Estiveram presentes cerca de 72 pessoas entre técnicos, produtores e dirigentes. A sessão foi aberta pelo Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, que se congratulou com a iniciativa e deu conta das preocupações e desafios que o setor da citricultura no Algarve enfrenta atualmente. Desafios que se encaixam ao nível da valorização dos citrinos do Algarve, do seu modo de produção e a necessidade de o setor se organizar para poder ganhar dimensão, fundamental não só para o ganho de escala a nível comercial, mas acima de tudo dar uma voz forte ao setor da citricultura na região do Algarve.
Nesta linha, a recém-criada Associação AlgarOrange, vai ao encontro destas preocupações. Depois da breve apresentação da mesma, Sílvia Neves deixou algumas reflexões que orientarão a atividade da associação nos próximos tempos: Associativismo; Aumento contínuo da produção versus comercialização; Exportação; Citrinos do Algarve – IGP; Relações entre agentes da fileira; concentração da oferta – Formação de ACE (Agrupamento Complementar de Empresas) e Mercado Global. Já o presidente da Associação, José Oliveira, abordou as estatísticas da produção de citrinos em Portugal, na Europa e no Mundo e apresentou também os resultados do inquérito realizado ao universo de associados da AlgarOrange.
Seguidamente Álvaro Silva do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, fez uma apresentação sobre os impactos das alterações climáticas na região do Algarve, sendo que as simulações apontam para que no futuro as tendências verificadas de mudança climática continuem ou até se intensifiquem, nomeadamente através da diminuição da precipitação anual /maior evapotranspiração – aumento do défice hídrico; aumento da frequência das situações de seca e períodos secos mais longos; aumento dos fenómenos de precipitação intensa, concentração da precipitação nos meses de inverno e o alargamento do período seco estival. Perspetiva-se ainda o aumento de temperatura, em especial da máxima, com ondas de calor mais intensas e frequentes.
A redução de potenciais impactos só será efetiva com adaptação atempada e redução de vulnerabilidade, adotando medidas tais como a introdução e/ou a difusão de espécies, cultivares e porta-enxertos resistentes à seca e a outros fatores abióticos e bióticos, obtidos através de um processo de seleção e, porventura, de melhoramento; a adoção d02as práticas culturais mais adequadas de proteção do solo e das culturas, em que a gestão do coberto vegetal tem um papel crucial; o aumento da eficiência da rega, incluindo, sempre que necessário, a adoção de práticas de rega deficitária; instalação de redes anti-granizo e anti-escaldão, bem como a instalação de sebes de sebes para redução dos efeitos da velocidade do vento.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 229 (ago.set 2019)