Os protestos de agricultores continuaram hoje por toda a Espanha, pelo quinto dia consecutivo, com cortes totais e parciais de estradas e autoestradas, mas sem o bloqueio da cidade de Madrid que tinha sido convocado nas redes sociais.
Os protestos nas estradas provocaram cortes e congestionamentos em regiões como Extremadura, Andaluzia, Múrcia, La Rioja, Aragão ou Castela La Mancha, segundo as autoridades de trânsito.
As perturbações e os protestos foram, porém, de menor dimensão do que nos últimos dias.
As manifestações estão a ser convocadas pelas três confederações agrícolas espanholas e também por grupos informais, que usam as redes sociais para a mobilização dos agricultores.
Na Internet, a autodenominada Plataforma 6F (numa alusão aos dia 6 de fevereiro, quando arrancaram as manifestações em Espanha), que se desmarca das confederações agrícolas e protagonizou várias das mobilizações dos últimos dias, tinha apelado ao protesto hoje em Madrid, com caravanas de tratores e outros veículos.
O objetivo, assumiu a plataforma, era cortar os acessos a Madrid a partir da madrugada e durante o dia hoje, e levar os tratores para o centro da cidade.
O apelo não teve, até agora, resposta.
Segundo as autoridades, até ao final da manhã, nas estradas da região e cidade de Madrid não houve registo de incidentes ou cortes por causa de protestos de agricultores.
O apelo da Plataforma 6F levou as autoridades de segurança de Espanha a destacar cerca de 540 polícias da força antidistúrbios para Madrid hoje, com dispositivos especiais para proteger alguns locais, como a sede do Partido Socialista (PSOE, que lidera o Governo), um alvo referido nas convocatórias dos protestos na Internet.
A estes polícias juntaram-se elementos da Guarda Civil (outra força policial) e da Polícia Municipal de Madrid, segundo um comunicado oficial divulgado na sexta-feira sobre o reforço de segurança na cidade.
Além de Madrid, um dispositivo especial de segurança com cerca de 1.400 elementos das polícias foi colocado hoje em Valladolid (em Castela e Leão), onde à noite decorrerá a entrega dos Prémios Goya, do cinema espanhol, e outro alvo de potenciais protestos dos agricultores.
Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, têm saído à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia e mais apoios para o setor.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a retirada da proposta da instituição visando reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030, parte central da legislação ambiental europeia, que é também um dos alvos dos protestos dos agricultores.