O eurodeputado do CDS-PP, Nuno Melo, vai propor à Comissão Europeia a compra conjunta de componentes para a produção de alimentação para animais, sustentando que é necessário “evitar a catástrofe que está à porta na produção agropecuária”.
“Interpelarei o Comissário para a Agricultura, Janusz Wojciechowski, pedindo-lhe que, no atual contexto de economia de guerra, que provoca distorções de mercado como as descritas, adote um procedimento para a compra de componentes para a produção de alimentos para animais, equivalentes às adotadas no plano da compra de vacinas” contra a covid-19, adianta Nuno Melo num comunicado enviado à agência Lusa.
O eurodeputado diz que vai requerer também, “junto da Comissão de Agricultura no Parlamento Europeu e da presidência do PPE [Partido Popular Europeu], que este debate seja feito com caráter de urgência, adotando-se todas as medidas necessárias para enfrentar a atual situação resultante de uma conjuntura obviamente imprevisível e extraordinária”.
Nuno Melo, que é também candidato à presidência do CDS-PP, defende que “em tempos de economia de guerra a União Europeia tem de intervir naquilo que os Estados já não podem fazer, para evitar a catástrofe que está a porta na produção agropecuária e uma escalada insustentável de preços para os consumidores nos mercados”.
Considerando que “os Estados não podem interferir nos mercados, dentro da União Europeia”, o deputado europeu salienta que, “em compensação, a Comissão e outras instituições europeias podem e devem intervir em casos de escassez de produtos, como é manifestamente o presente”.
E refere que, no que toca à pandemia de covid-19, “quando escasseavam vacinas, a Comissão Europeia adotou uma abordagem comum e centralizada para a respetiva compra às indústrias farmacêuticas”, indicando que “esta negociação em conjunto garantiu preços de escala mais baixos que nenhum Estado conseguiria isoladamente e financiou parte dos custos iniciais no que foi considerado um adiantamento a todos os estados, que assim as adquiriram de forma equitativa e acessível, sem dependência da sua capacidade financeira”.
“Já no que tem que ver com a agricultura, a União Europeia não só tem mandato como possui os instrumentos, tendo em conta a Política Agrícola Comum”, advoga.
Dando como exemplo o caso português, o eurodeputado centrista aponta que “neste momento, Portugal tem um ‘stock’ de componentes para a produção de alimentos para animais de cerca de três semanas, a um mês” e que “40% do milho importado por Portugal é proveniente da Ucrânia”.
E antecipa “produções muito baixas” decorrentes igualmente do “pior período de seca dos últimos 10 anos”, alertando que, “sem rações alimentares, a produção de carne e ovos de diversa natureza ficará insustentável e a aquisição nos mercados a preços impossíveis para a maior parte dos consumidores”.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, tendo muitos países respondido com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.