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– 28-05-2006 |
[ Agroportal ] [ Nacional ] |
Tondela: Produtores esperam angustiados solu��o para adega falidaTondela, Viseu, 28 Mai Numa situa��o in�dita na regi�o do D�o, que segundo respons�veis do sector confirma as fragilidades do sistema cooperativo e da vitivinicultura, a adega de Tondela declarou fal�ncia, esperando agora os produtores que alguém se mostre interessado em compr�-la para prosseguir a sua finalidade original. A base de licita��o apregoada num leil�o realizado em meados do m�s (3,969 milhões de euros pelo im�vel e vinho em stock) não agradou, no entanto, aos presentes, e a leiloeira está a receber ofertas até � pr�xima quarta-feira. "Por agora nem sabemos que rumo dar � nossa vida. Vamos ver o que acontece até dia 31", disse � Agência Lusa Casimira Dinis, dona de uma vinha na freguesia de Nandufe, e uma dos cerca de 800 associados da adega. Juntamente com o marido, Ant�nio Marques, e a pensar no futuro do filho, a antiga funcion�ria do Registo Civil decidiu arrancar uma vinha com mais de 40 anos, que herdou do pai, e plantar uma nova. "Fomos incentivados pelos respons�veis da adega a plantar qualidades novas, como Tinta Roriz, Jaen e Touriga Nacional, porque este ano j� não iriam receber o vinho das castas antigas", explicou o marido enquanto, perdido no meio de meia d�zia de dossiers, tentava fazer as contas �s despesas efectuadas até hoje. As facturas coleccionadas desde ent�o são muitas e, por isso, Ant�nio Marques tem dificuldades em chegar a um valor, que, no entanto, estima ser avultado. "A vinha foi arrancada em 2001 e a nova plantada em Fevereiro de 2002. Nesse ano j� t�nhamos gasto 800 contos. Em 2003, s� ao homem da enxertia, pag�vamos dez contos o dia", contou o antigo funcion�rio da EDP. J� as contas do dinheiro recebido no ambito do projecto de reconversão da vinha apresentado ao Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas (IFADAP) são mais f�ceis de fazer. "Foram 37 contos, mais 37 e depois mais 18, pagos em tr�s anos, o que não chega a 100 contos", lamentou, explicando que � �s duas reformas que ele e a mulher v�o buscar dinheiro para os gastos constantes a que a vinha obriga. Com a vinha j� a produzir, o casal pensava entreg�-la ao filho, mas admite que, dadas as circunst�ncias, não tem coragem para o fazer. "Agora temos uma vinha nova e não sabemos o que fazer. Vamos deix�-la morrer?", questiona Casimira Dinis. Vicente Silva, um dos mais antigos associados da adega, que tem vinhas na freguesia de Tonda, Também está apreensivo em rela��o ao futuro, até porque, além de uma pequena reforma, os seus rendimentos prov�m da agricultura, maioritariamente do vinho. "Se realmente não houver quem pegue naquilo (na adega) e receba as uvas, fico aqui com uma linda paisagem", disse, com amargura, apontando para a vinha. "Seria mau, muito mau, porque nem nos adianta fazer o vinho em casa, uma vez que s� se tiver 13 ou 14 graus � que o conseguimos vender nos caf�s", corrobora o seu amigo Orlando Antunes, da mesma freguesia. Associado da adega desde 1971, Vicente Silva lembra que "as coisas come�aram a entortar h� oito ou nove anos", estimando que, desde 2002, tenha a receber mais de 15 mil euros. No ano passado, depois de o tribunal ter decretado o processo de insolv�ncia da adega, em Agosto, uma comissão de associados decidiu juntar-se, obteve autoriza��o judicial para usar as instala��es e recebeu as uvas dos produtores. "Gra�as a esta gente de coragem, no ano passado a situa��o resolveu-se. Mas, e este ano, como vai ser?", pergunta Vicente Silva. Segundo os dois produtores de Tonda, muitos dos s�cios da adega "j� fugiram para outros lados, nomeadamente para adegas de Nelas, Carregal do Sal e Mangualde". "Mas s� quem tiver transporte pr�prio para levar as uvas � que o pode fazer, senão o lucro fica todo pelo caminho", afirmou Vicente Silva. A garantia dada durante o leil�o pelo presidente da C�mara de Tondela, Carlos Marta, do PSD, de que a autarquia "não autorizar� nenhuma especula��o imobili�ria no local", conseguiu dar algum alento aos produtores. Também o director-geral da União das Adegas Cooperativas do D�o (UDACA), Agostinho Marques, considerou tratar-se de uma atitude "extremamente louv�vel" por parte do autarca que assim "defendeu um patrim�nio do concelho que � a vitivinicultura e os produtores que, doutra forma, ficar�o �rf�os". A fal�ncia da adega de Tondela, criada h� 57 anos, foi a primeira na regi�o do D�o e "a terceira ou quarta a nível. nacional", mas o respons�vel está convencido de que, se a profissionaliza��o não chegar rapidamente ao sistema cooperativo, muitas acabem por ter o mesmo fim. "Tenho a certeza de que isso acontecer�, não s� no D�o, mas em todo o país. � um processo que tem vindo a acontecer lentamente, com alguma agonia e preju�zo dos produtores, que ou não recebem o dinheiro ou o que lhe pagam � um valor muito simb�lico", lamentou. Agostinho Marques admitiu � Lusa ter ficado "bastante desiludido com o leil�o e com os valores que foram propostos (o máximo foi 1,1 milhões de euros)", que não considera admiss�veis, "ainda que se trate de um sector em crise". Insatisfeita está Também a Agência de Leil�es da Covilh� que, até � data, ainda não recebeu por escrito qualquer proposta, nem uma de dois milhões de euros falada durante o leil�o, atribu�da a um empres�rio que estava no Canad�. "As pessoas devem estar a aguardar até ao dia 30 ou 31 para enviar as propostas, pensando que assim são favorecidas", comentou Cla�dio Ranito, da leiloeira, acrescentando que "várias t�m apresentado propostas verbais, mas ainda nenhuma foi passada a escrito".
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