Monitorização das albufeiras confirma que imediatamente a seguir ao temporal que assolou a Península Ibérica registou-se uma redução nos níveis de armazenamento. Espanha está numa situação crítica.
Como ficariam os reservatórios de água após a tempestade que assolou a Península Ibérica entre a última semana de Agosto e os primeiros dias de Setembro? A pergunta de muitos indiciava a esperança de um substancial aumento do volume de água nas albufeiras, em condições de garantir o próximo ano agrícola sem sobressaltos. Espanha está numa situação mais crítica do que Portugal, mas, por cá, “onde acaba Alqueva começa o deserto”.
Os valores registados nas reservas hídricas armazenadas até 12 de Setembro, após a intensa precipitação atmosférica observada no referido período, não contribuíram para um acréscimo significativo de caudais a entrar nas albufeiras dos dois países ibéricos. Apesar de tudo, Espanha está numa situação mais grave e preocupante e Portugal (excepto o Sul) aparece mais confortável no mapa das disponibilidades de água.
No período entre 28 Agosto e 12 de Setembro, verificou-se uma redução de 114 hectómetros cúbicos (hm3) no armazenamento conjunto das 80 albufeiras portuguesas.
No período entre 28 Agosto e 12 de Setembro, verificou-se uma redução de 114 hectómetros cúbicos (hm3) no armazenamento conjunto das 80 albufeiras portuguesas monitorizadas pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH). E os boletins editados pelas autoridades espanholas sobre o estado das albufeiras nas regiões autónomas do país vizinho também sinalizaram, no mesmo período, uma quebra de 348 hm3. Ou seja: a tempestade que se pensou poder vir a ser uma entrada em força do Outono que traria água em abundância, só deixou destruição.
As contribuições pluviométricas da depressão isolada formada em níveis altos da atmosfera, conhecida por DANA, foram apenas residuais. E o exemplo mais significativo está nas actuais reservas hídricas das bacias dos grandes rios ibéricos em território espanhol, que se encontram abaixo de metade da sua capacidade total: o Douro está a 33,2%, o Tejo com 45% e o Guadiana com 23,9%. Espanha tem neste momento 20.734 hm3 de água armazenada nas suas albufeiras, que equivale a 37% da sua capacidade total que é de 56.069 hm3.
O Relatório sobre Gestão da Seca em 2023, apresentado no dia 12 de Setembro ao conselho de ministros espanhol pelo Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico (MITECO) e o Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação (MAPA), confirma que o ano hidrológico 2022/23 “está a ter um carácter globalmente seco” em toda a Espanha: 14,6% do território está em situação de emergência devido à escassez de água e 27,4% encontra-se em alerta porque a precipitação média global está 17,1% abaixo do valor normal de referência dos mesmos meses do período 1991-2020.
As consequências repercutem-se na reserva das albufeiras que “diminuiu consideravelmente nos últimos 10 anos” vinca o relatório, alertando para o que classifica de emergência […]