Os produtores e empresários da Região Demarcada do Douro (RDD) têm agora à sua disposição uma tecnologia móvel com Inteligência Artificial (IA) para monitorização de pragas nas vinhas. Este problema constituí uma das maiores ameaças ao sector vitivinícola da Região, e a gestão de pragas pode agora ser otimizada através de um sistema que deteta automaticamente insetos-chave e fornece recomendações para combater as ameaças identificadas. Uma versão preliminar da solução está a ser disponibilizada pela GeoDouro, de forma gratuita, aos viticultores. A entrada no mercado está prevista para 2024.
A identificação e contagem de insetos é convencionalmente feita pelos viticultores através de inspeção visual, um processo manual demorado e cansativo, limitado pela sua falta de conhecimento taxonómico. A grande heterogeneidade climática na RDD, aliada às consequências das alterações climáticas, agravam a situação. Fatores ambientais como a temperatura influenciam o ciclo de desenvolvimento dos insetos, não existindo até ao momento uma recolha sistemática de dados meteorológicos junto de cada armadilha. Ao longo de três anos, a tecnologia foi sendo desenvolvida, testada e aperfeiçoada. Foram recolhidas e anotadas cerca de 9000 imagens de insetos e aplicadas técnicas de visão computacional baseadas em IA, que permitiram automatizar o processo de deteção e contagem de pragas, tornando-o mais eficiente e rastreável.
O sistema integra três vertentes: (1) uma aplicação móvel para o viticultor, para utilização no terreno, com o intuito de reconhecer e contabilizar automaticamente pragas em armadilhas, e registar o estado fenológico; (2) um módulo web central, para centralização e armazenamento da informação recolhida pelo viticultor, e (3) um portal web para especialistas em taxonomia, para observação dos resultados da monitorização automática de insetos nas diferentes parcelas, podendo apoiar remotamente os viticultores na respetiva gestão de pragas.
A solução, desenvolvida pelo Fraunhofer Portugal AICOS (FhP-AICOS), começou a ser desenhada em 2020, no âmbito do projeto EyesOnTraps, em parceria com a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) e a GeoDouro – Consultoria e Topografia, Lda. Participaram como stakeholders representantes do setor do vinho, a Sogevinus Quintas SA, a Adriano Ramos Pinto – Vinhos SA e a Sogrape Vinhos, SA. O EyesOnTraps, um projeto SI I& DT (NORTE-01-0247-FEDER-039912) representou um investimento superior a 400 mil euros.
Agora, uma versão preliminar da solução está a ser disponibilizada de forma gratuita aos viticultores da RDD como forma de se familiarizarem e testarem a tecnologia. A entrada no mercado e a sua comercialização está prevista para 2024, pela GeoDouro, ano em que também se prevê a expansão da solução a outros setores agrícolas.
Fonte: Fraunhofer Portugal