O presidente da Associação de Beneficiários do Vale da Vilariça disse hoje que o Nordeste Transmontano é deficitário no armazenamento de água e espera que chegue financiamento para projetos de regadio para resolver as necessidades da região antes de se falar em tranvases.
Fernando Brás falou à agência Lusa a propósito das reuniões regionais do grupo de trabalho “Água que Une”, criado pelo Governo em julho, para elaborar uma nova estratégia nacional para a gestão da água. Em Trás-os-Montes, está marcada para quinta-feira, em Vila Real.
“O Nordeste Transmontanos é deficitário em termos de água, sobretudo a zona da Terra Quente. Não temos água neste momento e debatemo-nos com alguns problemas. Aquilo que esperamos para a região é que sejam feitas mais barragens, que se retenha mais água, para se poder regar mais área, o que é necessário”, disse Fernando Brás.
O dirigente afirmou que o Vale da Vilariça é um dos mais afetados pelas alterações climáticas, a par do Sotavento Algarvio, e que, por isso, não se deveria ponderar fazer transvases de água, ou algo semelhante, sem ter resolvidos os problemas da região.
“Recuso-me a falar dessas coisas sem resolver a situação da região. E resolver os problemas é aumentar a capacidade de armazenamento, andar para a frente com os projetos que estão para andar”, reforçou Fernando Brás.
O representante dos regantes referiu que o maior défice na sua área de abrangência está a norte do Vale da Vilariça, na zona da Burga.
“O que está previsto é executar o alteamento da Burga e a concessão da barragem do Cerejal, que é logo ali ao lado (…). Também está previsto, e está no Plano Nacional de Regadio, a concessão da barragem da Ribeira da Lança. É preciso usar os instrumentos financeiros necessários às entidades que estão no terreno, para que possam elaborar os projetos e candidatar-se depois a essas obras”, defendeu Fernando Brás, vincando que as empreitadas devem arrancar o mais rápido possível para mitigar os efeitos das alterações climáticas.
O presidente da associação do distrito de Bragança considerou estas intervenções fundamentais para consolidar o Vale da Vilariça e definir o futuro agrícola da região. Lançou ainda o repto para ser feito um estudo para uma estação elevatória no rio do Sabor, para transportar água por gravidade.
A Associação de Beneficiários do Vale da Vilariça tem 800 usuários e estende-se pelos concelhos de Vila Flor, Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo.