Pode ser cliché, mas é provavelmente uma das palavras que melhor define a atividade agrícola. A resiliência é um denominador comum a todos os setores onde a produção está dependente de muitos fatores externos, a maioria dos quais de difícil controlo.
Nas últimas décadas, o agronegócio nacional trabalhou muito, e bem, para mitigar e adaptar, para conhecer mais e testar, para rentabilizar e valorizar.
Nem sempre chegou para contrariar a adversidade climática, a regulação errática, os mercados inconsistentes. Mas não esteve parado, nem baixou os braços e, provavelmente, está mais avançado do que se esperaria, até comparativamente a outros países com maiores recursos.
Os tempos que vivemos são desafiantes a vários níveis, mas nem tudo é mau. Portugal tem um reconhecimento de qualidade a nível internacional que precisa de escalar. E isso, acredito, faz-se apostando cada vez mais em fatores distintivos. No caso do vinho, o incrível capital genético que representam as nossas castas autóctones é uma lufada de ar fresco num mundo com escolhas cada vez mais padronizadas. Mas também são uma arma poderosa de resposta às alterações climáticas, onde ainda há muito para explorar e descobrir.
“Os tempos que vivemos são desafiantes a vários níveis, mas nem tudo é mau. Portugal tem um reconhecimento de qualidade a nível internacional que precisa de escalar. E isso, acredito, faz-se apostando cada vez mais em fatores distintivos.”
Se pensarmos num mercado onde o consumo decresce, e onde os jovens procuram outros tipos de álcool, uma diversidade de castas adaptadas permite trabalhar diferentes perfis enológicos para distintos perfis de consumo. Sem esquecer que o consumidor tradicional vai “continuar por aí”, sedento de vinhos diferentes, que se demarquem dos Cabernet e Sauvignon da vida. A diferenciação será sempre um fator de criação de valor e por consequência, de resiliência. Há que saber promover este capital e somá-lo ao talento que abunda no setor, da viticultura à enologia, do marketing à gestão. Haja capacidade de partilha de conhecimento, essencial para robustecer um setor com diferentes dimensões e velocidades, mas onde é importante que todos cresçam e tenham lugar.
#agricultarcomorgulho
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.












































