Uma nova versão do método prime editing, desenvolvida por investigadores do MIT, conseguiu reduzir drasticamente os erros na edição genética, abrindo caminho para tratamentos mais seguros e eficazes de diversas doenças.
Investigadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) anunciaram uma melhoria significativa na tecnologia de edição genética conhecida como prime editing. A inovação baseia-se na modificação das proteínas que participam no processo, o que permitiu reduzir os erros a uma fração mínima, aumentando a precisão das correções no ADN.
O trabalho partiu de uma investigação realizada em 2023 e identificou mutações capazes de diminuir a taxa de erros para um vigésimo do valor inicial. Com essas descobertas, os cientistas desenvolveram uma nova variante da proteína Cas9, que sozinha já conseguia cortar os erros para apenas 1/36 do nível anterior.
A equipa foi ainda mais longe ao integrar estas proteínas melhoradas num sistema de prime editing que inclui uma proteína de ligação ao RNA, responsável por estabilizar as sequências de RNA usadas como molde durante a edição. Esta combinação resultou no vPE (very precise prime editor), uma versão consideravelmente mais fiável da tecnologia.
Nos testes laboratoriais, o vPE demonstrou uma performance impressionante: no modo de edição mais utilizado, a taxa de erro caiu de um erro em cada sete edições para um erro em cada 101. Num modo de alta precisão, os resultados foram ainda mais expressivos, passando de um erro em 122 edições para um erro em 543.
De acordo com Phillip Sharp, professor emérito do MIT e vencedor do Prémio Nobel, este estudo revela “uma nova abordagem para editar o genoma de forma muito mais precisa, minimizando mutações indesejadas”.
Os autores do estudo acreditam que esta tecnologia poderá vir a ser aplicada em terapias genéticas destinadas a tratar doenças hereditárias e outras condições causadas por mutações no ADN. Contudo, alertam que será necessário mais trabalho para garantir que o sistema possa ser usado em segurança em contextos clínicos.
Este avanço marca um passo crucial na evolução da edição genética, aproximando a ciência de terapias mais seguras e eficazes, que poderão transformar o tratamento de inúmeras doenças no futuro.
Mais informações no artigo do MIT.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.