O último Relatório do Estado do Ambiente mostra que Portugal faz um esforço no sentido da sustentabilidade, mas há áreas críticas onde não atingimos as metas: na gestão da água, no tratamento de resíduos e na descarbonização. Com o PRR, espera-se que 2022 seja um ano decisivo.
A notícia tem feito manchete nos últimos dias: o país está em seca meteorológica em todo o território. Segundo o Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA), cerca de 1% do território está em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema. A questão da falta de água não é recente e tem vindo a agravar-se, sendo dos principais efeitos das alterações climáticas em Portugal. Algo que o último Relatório do Estado do Ambiente (REA), publicado anualmente pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), volta a mostrar.
90 – Temperatura – O ano de 2020 foi o 4.º mais quente dos últimos 90 anos, segundo o relatório divulgado.
A gestão da água, assim como a gestão de resíduos e a descarbonização são três grandes desafios ambientais em Portugal. A última edição do relatório, referente aos anos de 2020/21, mostra que Portugal é um país cada vez mais quente e seco (2020 foi o 4.º ano mais quente dos últimos 90 anos) e com cada vez maior escassez de água (66% do território esteve em seca meteorológica fraca e moderada em 2020). E 2022, como vimos, pode ir no mesmo sentido, com grande impacto em toda a sociedade. “Os anos quentes e secos podem ter fortes impactos nas disponibilidades hídricas superficiais e subterrâneas, na ocorrência de incêndios, na redução da produção de energia hídrica e na emissão de gases com efeito de estufa, quer por via das emissões quando ocorrem incêndios, quer na produção de energia em centrais termoelétricas”, explica Nuno Lacasta, presidente da APA.
O último relatório do país mostra que as disponibilidades hídricas no território são cada vez mais preocupantes. Por outro lado, a água em Portugal é excelente para consumo humano, da mesma forma que têm excelente qualidade as águas balneares.
No que às águas diz respeito, Francisco Ferreira, presidente da Associação Zero, destaca este como um tema complexo, que começa na escassez “dramática” de água nas bacias hidrográficas um pouco por todo o país, mas passa também pela deterioração da qualidade da água em vários aquíferos em todo o território nacional, com concentrações de nitratos e/ou azoto amoniacal acima dos valores recomendados, não esquecendo o aumento das culturas de regadio. “O investimento no regadio mostra uma esquizofrenia grande em relação a lidar com secas que se sabe que vão ser mais prolongadas. A agricultura é a principal consumidora de água, gasta 70% da água disponível, e, mesmo com medidas de eficiência nos regadios, apostar neles num contexto em que Portugal vai ter […]