Um novo estudo revela que a crescente dependência da Indonésia das importações de culturas geneticamente modificadas (OGM) dos Estados Unidos — nomeadamente soja e milho — pode comprometer os esforços do país para alcançar a autossuficiência alimentar. Realizado em 2025, o estudo analisa o impacto legal e político destas importações no contexto do desenvolvimento do sector biotecnológico nacional, levantando questões cruciais sobre a soberania alimentar a longo prazo.
A Indonésia tem aumentado significativamente as suas importações de culturas OGM provenientes dos Estados Unidos, numa tentativa de satisfazer a procura interna por alimentos e ração animal. Embora estas importações ofereçam benefícios imediatos, como o aumento da produtividade e a redução de custos agrícolas, o novo estudo alerta para os riscos associados à crescente dependência de fornecedores estrangeiros.
Segundo os investigadores, esta estratégia pode comprometer o desenvolvimento de soluções locais no domínio da biotecnologia agrícola, atrasando a inovação interna e colocando em causa a segurança alimentar sustentável. Apesar de haver avanços promissores — como os ensaios de campo realizados em Java Central com milho biotecnológico desenvolvido localmente, que mostraram um aumento de 25% na produtividade e uma redução significativa nos danos causados por pragas — os obstáculos continuam a ser muitos.
Entre os principais desafios identificados estão o acesso limitado ao mercado, atrasos regulamentares e a forte concorrência com sementes importadas. A situação é ainda agravada pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que encorajam os países em desenvolvimento a liberalizar o comércio, muitas vezes à custa da sua autonomia política e agrícola.
Em resposta, o Ministério da Agricultura da Indonésia publicou recentemente um documento orientador que propõe uma aposta estratégica na produção de sementes geneticamente modificadas adaptadas ao contexto local. As medidas incluem reforços na biossegurança, programas de formação para agricultores e parcerias público-privadas que visam equilibrar os compromissos comerciais internacionais com a necessidade de independência tecnológica.
O estudo conclui que o verdadeiro desafio da Indonésia reside em encontrar um equilíbrio entre a liberalização do comércio e o apoio estratégico ao desenvolvimento biotecnológico nacional. Para os autores, este é um passo essencial para garantir resiliência agrícola e segurança alimentar duradoura.
Leia o estudo em Academia.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.