No passado dia 26 de agosto, realizou-se na quinta do seixo o concurso para eleger o melhor tomate coração de boi da região do Douro.
Antes de abordar o concurso propriamente dito, devo dizer que, embora hoje em dia seja um grande apreciador do referido fruto, nem sempre foi assim. Tempos houve em que, com grande pena minha, não conseguia de todo comer tomate cru!!! Devo confessar, que esse tremendo handicap foi já ultrapassado, não no Douro, mas sim no Alentejo, num almoço em Quintos com o meu grande amigo Miguel Otto, na tasca do Manuel Cataluna. Observei com atenção uma cesta de tomates coração de boi, que tinham um aspecto extraordinário e decidi que teria de os provar! Digamos então que foi uma paixão tardia, mas nem por isso menos profícua. E porquê? Pelo simples motivo de trabalhar na região do Douro que, para além de ser uma região com magníficos vinhos, é certo que tudo o que aqui nasce é de grande qualidade! Ora sendo aqui o berço do tomate coração de boi, e onde efectivamente demonstra todo o seu esplendor, não poderia haver melhor lugar para explorar esta paixão relativamente recente. E posso até contar que, na altura em que este fruto começa a ficar maduro, é com redobrado prazer que o vou provar ao restaurante da Julinha no Pocinho!
Voltando agora ao concurso do tomate coração de boi, ou tomatas, como alguns gostam de chamar, (só para que não haja confusões!) pude nesse evento visitar mais de uma dezena de expositores, de várias partes do Douro, alguns de quintas ou produtores bem conhecidos, e outros de ilustres desconhecidos, mas que em aspecto ombreavam com os nomes mais famosos. Para meu espanto, fui até convidado para fazer parte do júri, mas, por motivos de foro pessoal, infelizmente não pude participar, o que me causou algum desgosto!
Tive, contudo, oportunidade de assistir a uma aula sobre como avaliar um bom tomate, dada pelo expert na matéria Edgardo Pacheco, ensinamentos que nos últimos tempos me têm sido de grande utilidade. Apesar de ter tido de me ausentar com grande pena, tive ainda tempo de apreciar bem os exemplares sujeitos a concurso. Devo dizer que houve logo um em particular que me chamou a atenção, cujo produtor era para mim desconhecido – Zulmira. Para me consolar pedi que me guardassem um exemplar deste produtor e, se possível, daquele que viesse a ser considerado campeão. Ora sucede que quem ganhou foi mesmo a Zulmira, assim fiquei só com um produtor por provar! Foi uma experiência do além… Suculento, cremoso, aromático, é talvez um pouco mais do que comer um bife.
Para terminar, e para informação, o pódio do concurso acabou por ser constituído, para além da Zulmira Siva de Arroios Vila Real, em segundo lugar a Quinta de Santa Comba em Santa Marta de Penaguião, e em terceiro a Quinta do Porto da Sogrape.
Luís Sottomayor
Enólogo
Artigo publicado originalmente em Eggas.