Portugal e Espanha delineiam hoje, 26 de setembro, um método pioneiro que visa conhecer a situação do coelho-bravo na Península Ibérica:
- Melhorar o estado de conservação das populações da espécie;
- Desenvolver metodologias para mitigar ou evitar danos na agricultura;
Envolvidas 15 entidades, provenientes de todos os setores sociais: conservacionistas, cientistas, caçadores, agricultores e administrações públicas.
Depois de mais de um ano de trabalho conjunto com todos os parceiros deste projeto, as administrações de Portugal e Espanha apresentam, no dia 26 de setembro, um método pioneiro para se conhecer a situação do coelho-bravo na Península Ibérica. Este marco do projeto LIFE Iberconejo é um passo essencial para melhorar o estado de conservação das populações desta espécie, que vão sofrendo um declínio drástico em grande parte do território e, simultaneamente desenvolve metodologias para mitigar ou evitar os danos causados pela espécie na agricultura, quando em excesso populacional.
O coelho-bravo é uma peça chave dos ecossistemas mediterrâneos, principal presa de espécies icónicas como o lince-ibérico ou a águia-imperial. É também uma das espécies chave sob a perspetiva socioeconómica, sendo fundamental no quadro cinegético ibérico.
Paralelamente, é também considerada a espécie selvagem que mais danos causa na atividade agrícola, quando se encontra em excesso populacional.
Obter informação em falta será o ponto de partida racional, para uma boa gestão desta espécie e, simultaneamente, o principal desafio do projeto LIFE Iberconejo, no qual estão envolvidas 15 entidades provenientes de todos os setores da sociedade: conservacionistas, cientistas, caçadores, agricultores e administrações públicas.
As metodologias de monitorização de coelho-bravo foram construídas com base nos contributos recolhidos num processo colaborativo no âmbito do projeto no qual participaram até agora mais de 511 especialistas de Portugal e Espanha, culminando numa série de testes de campo para validação dos modelos desenhados para o efeito.
São metodologias padronizadas que permitirão identificar variações nas populações de coelho-bravo que podem afetar a conservação de outras espécies ou, por outro lado, evitar os prejuízos em culturas agrícolas ou ainda estabelecer a alertas precoces no início dos surtos de doenças.
A tecnologia e o seu desenvolvimento também serão fundamentais neste esforço. Para a
recolha de dados no terreno, o LIFE Iberconejo adaptou a plataforma SMART – Ferramenta de monitorização e informação geoespacial, identificada com o acrónimo em inglês, que permite recolher dados em tempo real e analisá-los inclusive à escala ibérica, graças a uma plataforma on-line projetada por especialistas e que poderão ser adaptadas, no futuro, para acompanhar outras espécies.
Resumindo com a breve explicação do diretor do projeto, Ramón Pérez de Ayala:
“O coelho-bravo é uma das espécies mais difícil de gerir, porque possui duas características
completamente opostas. Nos últimos 70 anos as populações na península decresceram mais de 90%, no entanto, e ao mesmo tempo, existe superabundância em certas áreas que produzem danos significativos nas culturas agrícolas. Graças ao esforço de todos os parceiros e agentes envolvidos neste projeto, estamos a lançar as bases de uma gestão a longo prazo do coelho-bravo que permite preservar seu papel vital ecológico e reduzir os conflitos sociais associados”.
Sobre o projeto LIFE IBERCONEJO / LIFE IBERCOELHO
O projeto LIFE IBERCONEJO visa conhecer e melhorar o estado de conservação das populações de coelho-bravo em Portugal e Espanha e, ao mesmo tempo, prevenir os danos que podem causar à atividade agrícola. Desenvolvido na Península Ibérica até dezembro de 2024, e cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, inclui representantes de todos os agentes sociais envolvidos na sua gestão – administrações, cientistas, associações conservacionistas, agricultores e caçadores – refletindo o compromisso dos diferentes atores com um objetivo comum.
Coordenado pela WWF Espanha, o projeto tem como parceiros dos Governos da Andaluzia, Castela-La Mancha e Extremadura, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas de Portugal (ICNF), a Fundação CBD Hábitat, a Associação Natureza Portugal – WWF, Universidade de Castilla-La Mancha (IREC-UCLM), Instituto Nacional de Investigação Ciências Agrárias e Veterinárias (INIAV), Faculdade de Ciências da Universidade do Porto/CIBIO, Agência Estado Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC/IESA), a Fundação Universidade San Pablo CEU, a União dos Pequenos Agricultores e Pecuaristas (UPA), a Real Federação Espanhola de Caça (RFEC), a Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC).
Para mais informação: https://www.iberconejo.eu
Artigo publicado originalmente em ICNF.