Na mais recente comunicação produzida pela CONSULAI para aproximar os agricultores das pessoas que estes servem, adotámos o slogan: “A agricultura evoluiu, só você é que não viu”. No caso dos novos donos da Terra, podemos também adotar um slogan: “O investimento agrícola evoluiu e toda a gente viu”.
De facto, e provavelmente com grande desagrado de alguns, a terra mudou de mãos, tendo sido adquirida por muitos investidores estrangeiros. Goste-se ou não, eles trouxeram dinamismo, evolução produtiva e uma mudança de paradigma que nos fizeram avançar em termos agrícolas.
Obviamente, nem tudo correu bem neste caminho, mas podemos afirmar que a grande maioria dos projetos se estabeleceu, criou raízes e gerou riqueza, não seguindo a lógica que muitos temiam do “usar e deitar fora”. Prova disso é que projetos já com alguns anos de atividade estão agora a ser readquiridos por outros investidores, no sentido de perpetuar e, muitas vezes, alargar o sucesso dos mesmos.
Diversas zonas de Portugal foram afetadas positivamente por este investimento externo, destacando-se a região do Sudoeste Alentejano com a criação de um importante cluster de produção de frutos vermelhos, a região de Alqueva com a evolução espetacular dos olivais em sebe e do amendoal, ou mesmo a região da Beira Interior, que estava adormecida em termos agrícolas, e que ganhou nova vida também com a cultura da amêndoa e do olival.
Muitos destes investimentos trouxeram culturas inovadoras e modelos produtivos inovadores. Com o nosso engenho, adicionámos tecnologia, modelos de gestão de rega muito eficientes e sustentabilidade ambiental. Um bom exemplo disso é sermos, neste momento, reconhecidamente os melhores e mais eficientes produtores mundiais de olival em sebe, independentemente da “nacionalidade” do investimento.
Olhemos para este investimento como uma oportunidade e não como um problema, e zelemos para que se estabeleçam, criem valor e apontem caminhos para que a agricultura se modernize, crie riqueza e caminhe de mãos dadas com a sustentabilidade ambiental.
A terra é o maior capital que podemos ter e todos os agricultores têm a obrigação de a deixar melhor do que a receberam, para as gerações vindouras. Se este princípio for cumprido, então, independentemente da origem do investimento, estaremos no bom caminho.
João Pedro Oliveira – Diretor | Estudos e Estratégia da CONSULAI
O artigo foi publicado originalmente em CONSULAI.