Após três décadas de investigação, cientistas da Rutgers University e do Brookhaven National Laboratory, nos Estados Unidos da América (EUA), desvendaram a estrutura interna e o mecanismo de ativação de uma proteína vegetal especializada com potencial para reforçar as defesas das plantas contra doenças com capacidade de destruírem culturas.
A descoberta, publicada na revista Nature Communications, pode vir a dar origem a novas ferramentas agrícolas mais eficazes e sustentáveis, sublinham os autores do estudo.
A equipa utilizou técnicas avançadas de cristalografia de raios X e simulação computacional para estudar esta enzima importante no processo de morte celular programada, um mecanismo natural que ajuda as plantas a combater infeções.
Esta morte celular controlada permite eliminar células infetadas, protegendo o resto da planta. Ao compreenderem como a proteína se ativa em condições de acidez, os investigadores conseguiram criar variantes superativas da proteína com capacidade de proteger as culturas de forma mais eficiente.
O estudo demonstrou que a enzima pode atuar de forma diferente consoante o tipo de agente patogénico. Assim, pode ajudar a combater fungos biotróficos, que se alimentam de células vivas, mas pode ser manipulada por necrotróficos, que matam as células antes de se alimentarem delas. Ao controlar essa função, os cientistas acreditam ser possível tanto reforçar defesas contra um tipo de infeção como impedir o agravamento de outras.
Entre as doenças potencialmente combatidas estão o míldio, os fungos da ferrugem e o fungo Sclerotinia sclerotiorum, responsável pela podridão branca em várias culturas. Esta última é responsável por perdas anuais estimadas entre 10% a 20% das colheitas mundiais, o que representa prejuízos de até 200 mil milhões de dólares por ano, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.