A iniciativa Prémio Nacional de Agricultura do BPI e da Cofina, com o apoio da PwC e do Ministério da Agricultura, comemorou 10 anos com o maior número de candidaturas de sempre, mais de 1.300.
Na última década tem-se verificado uma evolução notável do setor agrícola. Este progresso reflete-se também na última edição do Prémio Nacional de Agricultura, que contou com 1.318 candidaturas, o maior número de sempre, com 44% a serem novas candidaturas e mais de 50% a serem dirigidas à agricultura sustentável, conforme referiu Pedro Barreto, administrador do BPI, na abertura da cerimónia de entrega de prémios, que teve lugar recentemente no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa.
A agricultura portuguesa tem mostrado uma resiliência notável durante a pandemia, com os números da produção e das exportações a superarem os de 2019. No entanto, o setor enfrenta um momento crítico com os efeitos da seca, da inflação e da guerra na Ucrânia – com a escalada dos preços dos fatores de produção como as matérias-primas, a energia ou os combustíveis – a acrescerem ao que era o legado da pandemia com a disrupção nas cadeias logísticas.
Agricultura “de luto”
Os efeitos desta extraordinária conjuntura dominaram o debate que teve lugar antes da atribuição dos prémios, com a participação de Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da direção da Confederação dos Agricultores de Portugal; José Pedro Salema, presidente do conselho de administração da EDIA, e Arlindo Cunha, ex-ministro da Agricultura, com a moderação do jornalista da CMTV, João Ferreira.
O setor agrícola vai atravessar uma fase muito complicada com a escalada dos custos de produção. Os agricultores fazem contas e não avançam com as culturas porque percebem que vão ter um prejuízo que não podem suportar.
Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da direção da Confederação dos Agricultores de Portugal
“Estamos de luto.” Foi assim que Eduardo Oliveira e Sousa caracterizou o momento que vive a agricultura portuguesa. Para o presidente da CAP, “o setor agrícola vai atravessar uma fase muito complicada com a escalada dos custos de produção”. “Os agricultores fazem contas e não avançam com as culturas porque percebem que vão ter um prejuízo que não podem suportar. Para dar um exemplo: de um ano para o outro, o custo de produzir milho duplicou, mas o preço do milho não acompanhou esse crescimento.”
Para Eduardo Oliveira e Sousa, a “salvação” de Portugal, um país com um enorme grau de dependência alimentar do exterior, está na União Europeia. Vai ser necessário alterar a política agrícola europeia. “Esse processo está em marcha em Bruxelas. Está em construção um plano de resiliência para a agricultura que garanta estabilidade no rendimento, limite o impacto da subida dos custos dos combustíveis e da energia, ponha em produção os terrenos que estavam em pousio e privilegie a segurança alimentar.” Por outro lado, num momento em que existem tensões na União Europeia, com países a reforçar o armazenamento e a limitar as exportações, é necessária uma ação concertada, “como existiu para as vacinas, que garanta a solidariedade europeia e a segurança alimentar à escala do continente”.
PAC nasceu para garantir a segurança alimentar da UE
A este propósito, Arlindo […]