O Algarve avança para o combate à seca em várias frentes. Por um lado, há a hipótese de avançar com a construção de dois açudes – um na ribeira de Monchique e outro na ribeira da Foupana. Por outro, a construção de uma central de dessalinização é também uma das soluções que estão em cima da mesa, diz o ministro do Ambiente e Acção Climática. Mas os autarcas reclamam “soluções de emergência”. Pedro Matos Fernandes responde numa corrida a duas velocidades. No curto prazo, diz, defende como prioritária “a gestão mais eficiente do uso da água”. Quanto às outras soluções, tudo está em aberto. O problema reside na seguinte questão: se não chove, de que vale construir mais barragens?
Até final do mês de Março, adiantou o ministro, o Governo terá concluído um plano de eficiência hídrica para o Algarve e o Alentejo. “Nós não podemos ter – nem devemos ter a expectativa – que a meteorologia nos ajude. Ou seja, o Algarve, no longo prazo, não vai ter mais água do que aquela que tem hoje”. Assim sendo, sublinhou, é “inevitável” o eficiente uso da água, na agricultura e na rega dos campos de golfe, sem descurar o corte nos consumos domésticos.
Porém, enfatizou, “estão a ser avaliados dois projectos para a construção de dois açudes – um na ribeira de Monchique, e outro na Foupana”. Por outro lado, destaca também, “a hipótese da dessalinização” está a ser avaliada. Com isto em vista, nesta terça-feira parte para Espanha, uma delegação de dez autarcas para visitarem uma central de dessalinização em Valência e um sistema de reutilização de águas residuais em Madrid.
Pedro Matos Fernandes falava aos jornalistas à margem do encontro em que se discute o plano municipal de Loulé de Adaptação às Alterações Climáticas, focado nos problemas que afectam a orla costeira e a perda de biodiversidade do interior.
O presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, lançou um desafio ao ministro do Ambiente para que seja criado um fundo ambiental municipal para prevenir e acudir a situações de catástrofe. “Falo do litoral [a erosão], mas poderia falar do interior, onde temos o problema dos incêndios”. A câmara de Loulé, há mais de um ano, aprovou a criação de uma taxa turística mas a não a pôs em prática. A receita, estimada em 2,5 milhões euros seria aplicada nesse fundo ambiental.
De caminho, o autarca socialista lembrou os Projectos Estruturantes (PE) ou de Potencial Interesse Nacional (PIN), “com 20 ou 30 anos, e que continuam válidos”, destacou. Pedro Matos Fernandes manifestou-se disponível para apresentar uma proposta de “alteração legislativa” nesse sentido. Mas, acrescentou: “É preciso um grande consenso para [os projecto] poderem voltar atrás [por causa dos direitos adquiridos] mas nós tudo faremos com esse objectivo”. O momento escolhido, disse, será quando se fizerem as revisões dos planos regionais de ordenamento do território, dos planos directores municipais e do Plano de Ordenamento da Orla Costeira.