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 MEMORANDUM         (entregue ao Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento        Rural e das Pescas)  
1 – Introdu��o
Com  um volume de neg�cios da ordem dos 1 000 milhões de euros e uma produ��o anual  superior a 4 milhões de toneladas, empregando cerca de 4 500 pessoas e  fortemente implantada no mundo rural, a ind�stria de alimentos compostos para  animais � o terceiro sector mais importante do panorama agro-alimentar  nacional, com um peso de 10.5% do volume de neg�cios, a seguir �s ind�strias de  carnes e lactic�nios.� Sendo uma  ind�stria relativamente recente – o seu aparecimento em Portugal remonta ao  in�cio da d�cada de 60 – a ind�stria de alimentos compostos para animais �  essencial para o funcionamento de milhares de explora��es pecu�rias e  agro-pecu�rias, contribuindo de uma forma decisiva para a forma��o de uma parte  substancial dos rendimentos agr�colas. Insubstitu�vel na produ��o e  abastecimento de bens de consumo essenciais, na oferta de produtos alimentares  de ineg�vel qualidade, assume um papel importante na dieta alimentar dos  portugueses. através das estreitas liga��es que mant�m com a pecu�ria nacional,  a ind�stria de alimentos compostos contribui para a difusão dos mais modernos  m�todos de produ��o, no respeito pelo ambiente, Saúde e bem estar animal, para  o desenvolvimento de novas produ��es, para a melhoria e organiza��o t�cnica das  explora��es e substanciais aumentos de produtividade. 
A  localiza��o perif�rica de Portugal e a sua elevada depend�ncia externa  (importamos cerca de 80% das matérias primas de que necessitamos), acentuada  pela retirada das farinhas animais e a consequente procura de matérias primas  alternativas, tem constitu�do um entrave � competitividade da Fileira Pecu�ria  nacional, acentuando as desvantagens comparativas entre Portugal e os nossos  principais concorrentes directos, conduzindo a uma importa��o crescente de  produtos animais na satisfa��o do consumo nacional. De facto, respons�vel por  70% dos seus custos, as matérias primas representam o principal encargo no  fabrico de alimentos compostos. Por outro lado, estes são determinantes para os  custos de produ��o da pecu�ria nacional – representando o principal encargo nas  explora��es pecu�rias – variando de 40% na produ��o de leite e bovinos de carne  a 80% nas produ��es de aves e su�nos. Daqui se conclui que  da competitividade da ind�stria dos alimentos compostos depende em  grande parte a melhoria da capacidade competitiva da Fileira Pecu�ria nacional.  
Em  Portugal, este importante sector da economia nacional � representado, h� mais  de 30 anos, pela  IACA – Associa��o  Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais –  integrando, actualmente, 57 empresas de alimentos compostos, mais de 80% da  produ��o nacional e 10 empresas de pr�-misturas, a totalidade dos fabricantes  nacionais deste sector. 
Para  atingir os seus objectivos, de defesa dos leg�timos interesses dos seus  associados e em estreita liga��o com inúmeras entidades – entre as quais,  organismos da Administração Pública -, num permanente acompanhamento dos  in�meros dossiers, a IACA encontra-se  representada  a nível. nacional e internacional: 
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FEFAC – Federa��o  Europeia dos Fabricantes de Alimentos Compostos para Animais  
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Comit� Consultivo  Alimentos para Animais ( União Europeia)  
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FIPA – Federa��o das  Ind�strias Portuguesas Agro-Alimentares  
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CT 37 –  Normaliza��o/Alimentos para Animais  
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Conselho Consultivo  da Alimenta��o Animal  
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Grupo de Trabalho            INETI / IACA (Apoio Laboratorial e Fichas T�cnicas)  
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Comissões  Consultivas Sectoriais das Culturas Arvenses, Bovinos, Su�nos, Aves e Ovos do  Gabinete de Planeamento (Ministério da Agricultura)  
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Bolsa do Bovino  
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Grupo de  Acompanhamento da BSE  
 
 2 – Seguran�a  Alimentar
O  fornecimento de produtos seguros e isentos de risco sempre foi uma das  preocupa��es da ind�stria de alimentos compostos para animais e continuar� a  s�-lo, no ambito das questáes ligadas � segurança alimentar, pelo que os  mecanismos de autocontrole, a introdu��o de c�digos de boas pr�ticas ou o  sistema HACCP e os processos de certifica��o pelas normas ISO t�m assumido uma  import�ncia crescente na Ind�stria. A preocupa��o com a Higiene e Seguran�a  Alimentar tem sido igualmente uma prioridade da IACA. Procurando assegurar uma  maior tranquilidade e confian�a junto dos consumidores, a IACA implementou um  C�digo de Boas Pr�ticas para o Fabrico  de Pr�-Misturas e de Alimentos para Animais para os seus associados, j�  homologado pelas autoridades oficiais, que constitui um instrumento fundamental  para a identifica��o dos riscos ligados ao processo de fabrico dos alimentos  para animais, propondo meios de controlo adequados para os evitar.� O objectivo do C�digo � o de ajudar as  empresas na implementa��o dos sistemas de garantia de qualidade, respeitando as  disposi��es legais aplic�veis, impondo nalguns casos patamares superiores de  qualidade, assegurando o fabrico de alimentos em perfeitas condi��es de  segurança para a pecu�ria nacional. 
Ali�s,    os milhares de análises que t�m sido  efectuadas ao nosso sector, no ambito do programa de erradica��o da BSE,  demonstram claramente os n�veis de qualidade das nossas empresas e o rigoroso  cumprimento do Sector da legisla��o em vigor quanto � utiliza��o de produtos  proibidos. A IACA tem vindo a participar, integrando a delega��o oficial  portuguesa, nas reuni�es anuais do  Codex  Alimentarius em Copenhaga, o qual tem como objectivo a elabora��o de um  C�digo de Pr�ticas para a alimenta��o animal a nível. mundial. 
Sendo  por todos reconhecido que a segurança dos produtos alimentares de origem animal  come�a com a segurança da alimenta��o animal, a IACA partilha das preocupa��es  contidas no Livro Branco sobre a Seguran�a Alimentar, de um sistema de controle  integrado �da explora��o � mesa do consumidor� mas � absolutamente necess�rio  que as matérias primas e respectivos fornecedores sejam devidamente licenciados  e controlados, bem como todos aqueles que operam no mercado da alimenta��o  animal, designadamente os autoprodutores e cooperativas que fornecem misturas  �s explora��es pecu�rias, submetendo-se �s mesmas regras impostas aos  fabricantes de alimentos compostos. Nesta perspectiva, a aposta do novo Governo  deve centrar-se no rigoroso cumprimento das ac��es de controle e fiscaliza��o  dos produtos nacionais e importados e respectivos operadores, apostando na  qualidade dos produtos nacionais e relan�ando a confian�a dos consumidores nos  produtos de origem animal. Defendemos igualmente a harmoniza��o de regras no  espaço comunitário, de forma a evitar distor��es de concorr�ncia e a garantir  uma efectiva segurança alimentar. 
3 – Agência de  Qualidade e Seguran�a Alimentar
A  IACA sempre defendeu o princ�pio segundo o qual  a pol�tica de segurança alimentar deve ser baseada em pareceres  cient�ficos s�lidos e cred�veis, pelo que a avalia��o do risco deve  constituir um dos eixos fundamentais para o funcionamento e credibilidade da  futura Agência – em coordena��o com a Autoridade Europeia para a Seguran�a dos  Alimentos – junto dos operadores e opini�o pública. Em nossa opini�o, este � o  momento ideal para que se constitua um organismo que cumpra, de facto, os  objectivos da segurança alimentar e informação aos consumidores, centrada na  avalia��o e informação dos riscos e que sejam considerados de uma forma  aut�noma as funções de controle e fiscaliza��o, contrariamente ao modelo  anterior em que se misturavam, na mesma estrutura, as funções de gestáo,  avalia��o e comunica��o dos riscos. 
4 – Biotecnologia
Dada  a import�ncia do milho e dos produtos do complexo soja na alimenta��o animal –  cerca de 47% do total de matérias primas consumidas – a IACA vem seguindo desde  h� muito tempo o dossier da biotecnologia e, em particular, os aspectos  relativos aos organismos geneticamente modificados (OGM�s). Defendemos a  utiliza��o respons�vel da biotecnologia na agricultura e na ind�stria  agro-alimentar, pelo que importa saber se um OGM � ou não um produto isento de  risco e, como tal, pass�vel de ser utilizado pela ind�stria. Esta resposta  compete desde logo � comunidade cient�fica e deve ser baseada em crit�rios  cient�ficos, cuja informação deve constituir a base da pol�tica de segurança  dos alimentos na  União Europeia e não  as percep��es e emo��es dos consumidores. 
Se um produto � aprovado,  deve ser considerado seguro e potencialmente utiliz�vel; caso contrário não  deve ser utilizado, pelo que a legisla��o deve ser clara, exequ�vel e  objectiva, devem existir ac��es de controle e fiscaliza��o em todos os pontos  do circuito, não podendo ser deixada � ind�stria o �nus de se utilizarem  produtos que suscitem desconfian�a nos consumidores. Pela import�ncia que o  contingente de 500 000 toneladas de milho de países terceiros representa para a  Fileira Pecu�ria no abastecimento ao mercado nacional e dada a impossibilidade  de se importar dos EUA pelas dificuldades de segrega��o das variedades autorizadas  na  União Europeia, defendemos a aprova��o em simult�neo das variedades nos EUA  e na UE. Defendemos igualmente desde h� muito a criação de um  Comit� de Biovigil�ncia, � semelhan�a  do que acontece em muitos países, para o acompanhamento dos assuntos ligados �  biotecnologia, envolvendo representantes da agricultura, ind�stria  agro-alimentar (utilizadores), comunidade cient�fica, organizações  ambientalistas e consumidores, para além dos organismos da Administração  Pública. 
5 – Grupo de  Acompanhamento da BSE
Em  1998, na sequ�ncia do embargo ao nosso país decorrente dos problemas da BSE, o  ent�o Ministro da Agricultura decidiu criar o Grupo de Acompanhamento da BSE,  envolvendo as principais organizações da Fileira, entre os quais a IACA, para  além da DGV, do INGA e do LNIV, presidido pelo pr�prio Ministro ou representado  pelo Secret�rio de Estado, com reuni�es mensais, tendo como objectivo  aconselhar a Administração nas medidas a tomar e avaliar os relatérios a enviar  para Bruxelas, comprometendo deste modo as organizações da Fileira nas ac��es  levadas a cabo pelo Ministério. Pensamos que os resultados deste Grupo foram  altamente positivos, permitindo, no nosso sector, uma ac��o pedag�gica e de  acompanhamento permanente das medidas e o seu rigoroso cumprimento, resolvendo  medidas pontuais, num processo que culminou com o levantamento do embargo �  carne de bovino a partir de 1 de Agosto de 2001 e que muito contribuiu para a  retoma da confian�a na carne portuguesa.  Trata-se,  em nossa opini�o, de um bom exemplo da coopera��o e solidariedade salutar que  deve existir entre as organizações representativas sectoriais e a Administração  Pública, pelo que entendemos que o Grupo dever� continuar. 
6 – SILOPOR
O  mercado portugu�s apresenta caracterásticas espec�ficas, uma vez que a falta de  alternativas de descarga e armazenagem resultou da exist�ncia de um monop�lio  de importa��o e distribui��o de cereais (pela EPAC) até � nossa adesão �  União  Europeia em 1986, tendo ap�s essa data sido autonomizados na SILOPOR os silos  portu�rios. A importa��o de gran�is s�lidos para a ind�stria alimentar, ascende  todos os anos a mais de 4 milhões de toneladas, das quais cerca de 80%  transitam pela SILOPOR, fundamentalmente cereais e oleaginosas, quer para a  ind�stria de moagem, quer para a ind�stria de alimentos compostos. Por outro  lado, não��� existem praticamente alternativas aos portos de Lisboa e  Leix�es, seja por condicionantes  de calado nos outros portos, seja pela inexist�ncia de outras estruturas de  descarga de armazenagem id�nticas �s da SILOPOR. Os custos de descarga e  armazenagem representam, em média, cerca de 15% do custo final da matéria  prima. Pela import�ncia das matérias primas nos alimentos compostos e destes  nos custos de produ��o dos produtos animais, a SILOPOR constitui uma empresa  estratégica para a competitividade e para o desenvolvimento sustentado da  Fileira agro-alimentar nacional, sobretudo num contexto de acrescida  liberaliza��o das trocas comerciais com o alargamento a Leste e com as futuras  negocia��es da Organiza��o Mundial do Com�rcio. 
O  anterior Governo tinha como objectivo a concessão da explora��o dos silos da  SILOPOR num modelo que privilegiava os operadores portu�rios em detrimento dos  utilizadores, norteado por uma l�gica economicista, pelo que tal modelo punha  claramente em causa a sobreviv�ncia da Fileira. Dada a conjuntura de grandes  dificuldades que caracteriza o mercado dos alimentos compostos e a generalidade  das produ��es pecu�rias em Portugal,  pensamos� que a SILOPOR, na situa��o actual, poder�  continuar a assegurar a necess�ria neutralidade de gestáo no mercado, evitando  a criação de situa��es de monop�lio ou de oligop�lio, pelo que defendemos a  imediata anula��o do processo de concess�es da SILOPOR que vinha a ser seguido  pelo Governo anterior. 
A SILOPOR não pode ser um  factor de quebra de competitividade mas sim um motor de produtividade, analogamente  aos equipamentos semelhantes existentes noutras regi�es  comunitárias, dominantemente abastecidas por via mar�tima (Galiza, Catalunha,  Bretanha, Holanda). 
7 – Reforma da PAC
Com  importantes altera��es previstas no curto/m�dio prazo que não deixar�o de  condicionar a evolu��o futura do sector dos alimentos compostos – implementa��o  de medidas no ambito do Livro Branco sobre Seguran�a Alimentar, novas regras de  bem-estar animal nas aves e su�nos, a partir de Janeiro de 2003, lei da  segurança alimentar, utiliza��o de aditivos, dioxinas, BSE, OGM�s, alargamento  a Leste, negocia��es da OMC… – o ano de 2002 será seguramente um ano de  transi��o, do qual destacamos a reforma intercalar da Pol�tica Agr�cola Comum,  de extrema import�ncia para o nosso país. Relativamente a este dossier,  pensamos que a reforma intercalar da PAC deve consolidar as reformas  precedentes – invertendo a actual situa��o em que Portugal tem sido claramente  prejudicado na distribui��o das ajudas – deve ainda assegurar o rendimento dos  agricultores portugueses com uma reorienta��o das ajudas para o desenvolvimento  rural. Portugal deve apostar na separa��o de uma agricultura competitiva e  empresarial do modelo de uma agricultura multifuncional, no respeito pelo  ambiente e bem estar animal. A qualidade deve constituir o terceiro pilar da PAC, defendendo-se uma maior fluidez dos mercados como o dos cereais  (diminui��o dos pre�os de interven��o, supressão das majora��es mensais,  restrições na interven��o) e a criação de condi��es que permitam uma inversão  do elevado deficit europeu das oleo-proteaginosas (da ordem dos 75%). 
O problema das importa��es  de países terceiros deve constituir outra grande prioridade, pelo que os  produtos animais provenientes desses países dever�o ter as mesmas regras – de  produ��o, bem-estar e segurança – que as que são impostas aos produtos  comunitários. 
Para  um país como o nosso, com fracos recursos e dadas as dificuldades no  cumprimento dos crit�rios de converg�ncia, devemos evitar quaisquer tentativas  de renacionaliza��o da PAC.         
Lisboa,  08/04/2002 
                    
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 Fonte:                IACA   | 
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