Desde a edição do dia 17 de dezembro que temos vindo a divulgar na APIC| INFO| Semanal, resumos das apresentações feitas no seminário que foi realizado pela APIC, o qual contou com a colaboração da Faculdade de Medicina Veterinária (FMV), no passado dia 16 de outubro.
Este seminário, teve como objetivo criar um espaço de diálogo e sobretudo promover um debate transparente sobre a produção e consumo da carne.
Para este efeito, foram convidados peritos desde o Bem-Estar animal nas explorações, do real impacte no ambiente pela produção animal, bem como, peritos em nutrição a fim de ser transmitida a importância do consumo de carne para a saúde do Homem. Também, foram abordadas as questões da legislação aplicável aos estabelecimentos de abate, a importância do melhoramento genético e das raças autóctones. Foram também dados exemplos de Boas Práticas de produção extensiva no Brasil. Por fim, foi transmitido o que já se faz em termos de Boas Práticas na Indústria alimentar, relativamente à sustentabilidade, objetivo da “Estratégia Farm to Fork”.
O Professor Luis Telo da Gama, docente da FMV e especialista em melhoramento genético, dissertou sobre “Melhoramento genético da qualidade da carne”.
Este orador transmitiu-nos a importância da genética como desafio para a produção da carne, face às suas características quer intrínsecas (sabor, textura, cor) quer extrínsecas (saúde publica, BEA, Sustentabilidade), realçando que a genética do animal é, sem dúvida nenhuma, um fator condicionante da qualidade da carne. As diferenças genéticas traduzem-se nas diferenças entre as raças e mesmo entre os animais da mesma raça. As diferenças genéticas entre as raças têm sido exploradas, com o aparecimento de muitas marcas comerciais, bem como os preços diferentes, nomeadamente o valor exorbitante da carne de animais da raça wagyu, havendo até fast food gourmet.
O Professor Doutor Luis Telo da Gama, abordou ainda a questão do conflito comercial entre o Reino Unido e o Brasil, face à carne oriunda de animais com o gene zubu. Esta estigmatização do “gene zebu” tem razão de ser?
Segundo este autor, as diferenças genéticas devem-se não só a variabilidades entre as raças, mas também a variabilidade entre os animais da mesma raça. Para a seleção da qualidade da carne, sublinha-se, no caso dos suínos a Suscetibilidade à PSE, enquanto no caso dos bovinos, a garupa dupla.
Luis Telo da Gama referiu ainda que para a seleção da carne há que ter em conta os seguintes condicionalismos: A existência de diferenças entre animais, a predisposição para doenças, e se são transmissíveis. Se existe garantia de pagamento pela qualidade? Nem sempre a informação fenotípica é fácil de obter, pelo que, a seleção é possível, mas requer organização na recolha de dados.
Mensagem fundamental deste autor: a Informação genómica é muito útil e torna a seleção mais eficaz, mas não dispensa recolha de informação fenotípica!!! Pelo contrário! É precisa mais e melhor informação.
O artigo foi publicado originalmente em APIC.