As medidas do Estado de Emergência vão endurecer, admitiu esta terça-feira o primeiro ministro, António Costa. Assim sendo, a economia poderá sentir ainda um maior impacto também fruto dessa rigidez.
Se por um lado é importante salvar vidas, também a economia é vida e há que adquirir ventiladores já a contar com ela.
Todos os sectores estão a ser afetados. Até as farmácias e hipermercados, cujas vendas dispararam quando foram encerradas as escolas, começam a ter fortes quebras de receitas. Após o açambarcamento, as famílias fecharam-se em casa e agora retraem-se, até porque as carteiras dos portugueses não são elásticas.
A agricultura não tem como escoar os produtos, sobretudo os frescos, e começa a sentir-se alguma falta de mão de obra; a indústria não tem oferta nem tão pouco tem procura, boa parte do comércio e serviços simplesmente fechou as portas. O cenário é dantesco. Nenhuma área ficará imune aos efeitos do coronavírus.
Vamos a factos. Acaba de ser divulgado que a venda de carros derrapou 57% em março, por causa do coronavírus. Trata-se de um pequeno exemplo, mas que ajuda e muito ao diagnóstico do doente.
Mais, acabam de sair também outros dados, que ajudam a tirar o pulso à economia, e que estão num estudo da consultora PwC, com base nas respostas dos CFO (administradores financeiros) de todo o mundo. O mesmo documento revela que os inquiridos acreditam que a Covid-19 pode desencadear uma recessão global.
OS CFO mostram-se muito preocupados com as ramificações da pandemia e 86% dos inquiridos portugueses referiram que a COVID-19 poderá ter um impacto significativo no seu negócio, causando grande preocupação (a média dos vários territórios fica abaixo, 82%).
Em Portugal, 77% esperam que a COVID-19 impacte negativamente as suas receitas e/ou lucros este ano (nos vários territórios a média fica acima, 83%).
A principal preocupação dos CFO em Portugal (84%) é a possibilidade de uma recessão global (67% nos vários territórios), à medida que se preparam para um impacto financeiro significativo e para uma redução na confiança dos consumidores. Para cerca de metade dos CFO em Portugal (48%), o regresso à normalidade deverá demorar entre um a três meses.
Sobreviver é preciso, mas não basta sobreviver é preciso manter o fôlego para reerguer a economia no dia seguinte aos tais (pelo menos) três meses duríssimos que temos pela frente.