Um negócio da China transformou os porcos em pérolas. Do matadouro da Maporal, em Reguengos de Monsaraz, saem todas as semanas perto de 150 toneladas de carne com destino ao oriente. “E se produzíssemos mais, vendíamos mais”, garante o CEO Marco Henriques.
O sentimento estende-se um pouco por toda a planície. No Alentejo, já não é só o calor que bate recordes.
Começar a exportar para a China fez com que as vendas nacionais de carne de porco para o estrangeiro mais do que duplicassem. Só na Maporal, o volume de negócios vai ultrapassar em 2020 os 100 milhões de euros. A fome que deu em fartura em Reguengos deve-se a um surto de peste, que faz com que o gigante asiático esteja a perder 25% da sua produção de carne de porco, o equivalente a toda a produção europeia.
Em 2017, a AGP Meat, grupo do qual faz parte a Maporal, agarrou no antigo matadouro fundado por Américo Amorim em 2005, e adquirido entretanto por espanhóis, que estava condenado a fechar.
“Já tínhamos concluído a abertura ao mercado chinês quando comprámos o complexo industrial. Agora estamos a ampliar o matadouro. Atualmente 100% da produção vai para a China, mas nunca conseguiremos dar resposta a tanta procura. O que enviamos num ano não chega para alimentar uma província chinesa durante uma semana”, destaca Marco Henriques. Antes do segundo semestre do próximo ano, o número de funcionários da Maporal vai disparar, devendo passar dos atuais 70 para mais de 180.
A empresa já tem um escritório na China, e um CEO preparado para aprender a falar mandarim. As viagens mensais que Marco Henriques faz ao país obrigam a dizer mais do que ni hao. “É um mercado muito específico, são diferentes em tudo, tanto na cultura como nos negócios. Mas temos um bom parceiro lá e, institucionalmente, tivemos o apoio do Governo, que foi crucial”.
Se é verdade que a peste foi a sorte grande da Maporal, a empresa garante estar preparada para o dia em que for encontrada a cura. “Nesta fase estamos a mandar todo o produto para a China por causa da sua situação específica, mas se eles pararem de comprar não teremos problema. Estamos a usar a China para catapultar o início do negócio, mas vendemos para mais de 40 países”, incluindo Coreia do Sul, Japão, Colômbia ou Chile.
Apesar de passar mais tempo noutros pontos do globo, Marco Henriques conhece de cor a geografia alentejana. Sabe, por isso, que a paisagem tem vindo a mudar. “De há uns anos para cá a nossa agricultura está a funcionar, isso é notório. Estão a ser recuperadas muitas áreas. No caminho para aqui vêm-se pomares dos dois lados da estrada”. O Alentejo está a colher os frutos que Alqueva regou.
Discussão sobre este post