O Governo de Cabo Verde manifestou hoje a necessidade de adotar “práticas resilientes” na agricultura e apostar na formação de quadros nas universidades para que esta área seja “mais atrativa” para os jovens.
“É uma obrigatoriedade adotar práticas inteligentes e não é só a alta tecnologia, mas também as boas práticas. É a combinação de tudo isto para podermos de facto levar a cabo uma agricultura que está adaptada às mudanças climáticas e a outros fatores das múltiplas crises”, afirmou o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, na Praia, à margem da abertura de uma mesa redonda sobre a agricultura inteligente e o papel da formação superior.
O ministro acrescentou ainda que ao mesmo tempo a agricultura poderá alicerçar-se na ciência e na tecnologia para aumentar a produção com a mesma quantidade de água, de solos e talvez menos trabalho, apontando que para fazer face às mudanças climáticas é preciso que na forma como fazem a agricultura haja adoção de práticas resilientes para poder atender aos objetivos de desenvolvimento sustentável.
“Nós sabemos, o trabalho penoso também não é hoje muito atrativo aos jovens e, portanto, há necessidade de tornar a prática da agricultura uma prática que seja mais atrativa”, apontou.
“É tudo isto para atendermos à questão da água, do manejo dos solos, da conservação da biodiversidade, da produção de alimentos saudáveis em quantidade e em qualidade que nos satisfaz a todos, para atender ao emprego de qualidade no setor agrário. Temos aqui desafios muito grandes, mas nós para vencermos esses desafios, temos de apostar na formação e a formação de quadros nas universidades também é uma obrigatoriedade”, acrescentou.
Gilberto Silva disse que o Governo está “muito sensível” a esta questão e que por isso todos os anos vão inscrever verbas no orçamento para permitir que as universidades possam desenvolver os seus trabalhos de investigação, formações, para que o mercado tenha “em abundância” quadros bem formados e em quantidade suficiente para atender aos segmentos das cadeias de valor na área da agricultura e acrescentar aquilo que é necessário para o desenvolvimento do país.
Por sua vez, o reitor da Universidade de Cabo Verde (UniCV), Arlindo Barreto afirmou, na mesma ocasião, que a instituição tem estado a “trabalhar fortemente” na transformação passando da centralização no ensino para investigação.
A disponibilidade de verbas do Ministério da Agricultura e Ambiente para a formação nessas áreas “é fundamental para apoiar a universidade nessa formação, naquilo que deve ser importante para Cabo Verde, é prioritário mesmo, a questão da segurança alimentar, a soberania alimentar”, reconheceu o reitor.
O responsável lembrou que segundo a previsão, daqui há uns anos haverá um “número considerável” de pessoas que vão viver para além dos 80 anos e por isso, é preciso trabalhar “fortemente” para terem formação aos jovens e dar esperanças que a agricultura já não é aquilo que acontecia há anos.
“É preciso mostrar aos jovens que há uma esperança com as novas tecnologias, uma agricultura inteligente que sirva também para o emprego e uma paixão para desenvolver a agricultura de uma outra forma”, salientou.
Segundo uma nota do Governo no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável 2022-2026 (PEDS II) que visa impulsionar mudanças na economia do país para que se cumpram os objetivos da ambição 2030, a UniCV engaja-se na formação de quadros “altamente capacitados” para uma transformação em profundidade da agricultura.
Em fevereiro, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse que o Governo está a criar as condições, com oportunidades para o financiamento, e desafiou os jovens a investirem na agricultura, usando as tecnologias e a inovação.