A Federação Nacional dos Regantes (Fenareg) apelou hoje a investimentos nacionais no setor do regadio, além dos previstos a nível europeu, adiantou José Núncio, presidente da entidade, numa audiência no parlamento.
“Deve haver investimento, porque estamos a falar de questões de soberania nacional”, nomeadamente no que diz respeito ao abastecimento de alimentos, destacou, perante a Comissão de Agricultura e Mar questionando “porque é que se está sempre à espera que a Comissão Europeia resolva tudo”, e defendendo que “devia haver fundos nacionais para apoiar” a renovação deste setor.
Numa audiência em que alertou várias vezes para o estado da infraestrutura de regadio em Portugal e para os desafios do setor devido às alterações climáticas, José Núncio disse que “mais de 50% das infraestruturas de regadio público têm mais de 40 anos”.
A Fenareg apelou assim à modernização da infraestrutura, capacitação técnica ao uso de energias renováveis e à certificação, bem como a ações de eficiência energética.
Em termos de metas a mais longo prazo, para 2027, a Fenareg tem várias propostas, incluindo a conversão de regadios privados para coletivos, a revisão de tarifários e legislação e a sustentabilidade energética.
José Núncio apresentou ainda aos deputados os pilares dos eixos de desenvolvimento do setor, que passam por “aumentar a capacidade de armazenamento de água”, a expansão da “área infraestruturada para rega”, o reforço da “sustentabilidade ambiental do regadio” e a compatibilização do “ordenamento do território e conservação da natureza com a expansão das áreas regadas”.
Para levar a cabo as medidas que os regantes pretendem que sejam aplicadas no setor, a Fenareg voltou a pedir a um investimento de 1.700 milhões de euros.
No seu contributo para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), disponível no seu ‘site’ a Federação apelou ao Governo “que aprove uma Estratégia Nacional para o Regadio, com visão de longo prazo para a sustentabilidade da capacidade produtiva nacional, e a inclusão de 1.700 milhões de euros nos diversos programas financeiros disponíveis, com destaque para o PRR da Economia para a modernização do regadio”.
Durante a audiência José Núncio rejeitou ainda que o regadio possa pôr em causa as gerações futuras, devido a problemas de sustentabilidade.
“Acho que pomos mais em causa as gerações futuras se não houver regadio”, rematou.
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