Com esta iniciativa, o MUNDA – Movimento em Defesa do Rio Mondego; a AZU – Associação Ambiente em Zonas Uraníferas; o Núcleo de Viseu da Olho Vivo – Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos; o núcleo de Viseu da Quercus; a ASE – Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela; pretendem assinalar o DIA MUNDIAL DOS RIOS, criado pela ONU, no sentido de relembrar o valor incomensurável dos rios, promovendo a sua preservação.
Queremos também chamar a atenção para a situação de degradação da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, bem como apelar para os Órgãos de Soberania e para a opinião pública com o objectivo de se encarar a questão estratégica da defesa e promoção dos nossos rios e, em particular, da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, no contexto das alterações climáticas.
Preocupa-nos, de sobremaneira, as agressões à boa qualidade da água dos rios e linhas de água da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego com implicações na saúde humana e na fauna e flora adjacentes. Desde logo, a persistência de descargas ilegais em algumas zonas industriais, no Rio Mondego e em alguns dos seus afluentes, como os rios Dão e Seia; a destruição das galerias ripícolas com a consequente perda de biodiversidade; a silvicultura intensiva e outras ocupações indevidas; a destruição de acessos, como caminhos públicos para a prática da pesca e da actividade balnear e de lazer.
Defendemos uma gestão integrada e sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, que confira autonomia de gestão e financeira à Região Hidrográfica hoje excessivamente centralizada pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente.
Consideramos nefasta a gestão privada das Barragens, circunstância sujeita à obtenção de grandes lucros, como acontece com a Barragem da Aguieira, lembrando que, segundo o relatório encomendado à Ordem dos Engenheiros sobre as cheias do Rio Mondego, em Janeiro de 2016, que inundaram Coimbra, elas poderiam ter sido evitadas ou minimizadas se, no caso, a EDP tivesse cumprido as normas de exploração da albufeira da Barragem da Aguieira, conforme, aliás, foi denunciado por autarquias locais e pela Direcção Regional de Cultura do Centro.
No contexto, a gestão privada da água dos Rios é incompatível com a urgência climática que assola o mundo e coloca o nosso País em sério risco de desertificação e de escassez dramática dos recursos hídricos, como já se viu em 2017, com o transporte diário de água, em dezenas de camiões cisterna de corporações de bombeiros e de particulares, contratados pelos Municípios de Viseu e Mangualde, com água oriunda das barragens da Aguieira, Trancoso e Balsemão, para abastecer a Barragem de Fagilde (Rio Dão) que abastece de água potável os concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo, cujos níveis de água atingiram mínimos históricos.
É, pois, urgente pugnar pela manutenção da Água no domínio público !
É estratégico definir soluções sustentáveis e adequadas a cada Região e Bacia Hidrográfica para despoluir, segurar, gerir e aproveitar as águas dos rios e evitar que estas corram “tranquilamente” para o mar, enquanto se sucedem as secas e a falta de água doce e potável.
Encontro/Debate sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Mondego – 28 Outubro –
O MUNDA vai realizar, no próximo dia 28 de Outubro, 2023,, um ENCONTRO-DEBATE em Penacova, pelas 15 horas, com o apoio da Câmara Municipal de Penacova, com o objectivo de construir convergências e posicionamentos de todos quantos se preocupam com a água, os rios e, mais concretamente, com os graves problemas que afectam a Bacia Hidrográfica do Rio Mondego.
Fonte: MUNDA