O Eurodeputado Paulo do Nascimento Cabral organizou, no Parlamento Europeu, o debate sobre “A agricultura nos países do sul da Europa”, numa iniciativa que considerou “extremamente importante, pois coincidiu com a apresentação do pacote de simplificação apresentado pela Comissão Europeia para o setor agrícola, e estamos a sensivelmente a dois meses da apresentação da proposta da Comissão para o próximo Quadro Financeiro Plurianual e da próxima proposta da Política Agrícola Comum, pelo que estes momentos servem para sensibilizar, mas acima de tudo fazer salvaguardar o interesse dos agricultores europeus, mais especificamente os de Portugal e dos restantes Estados-Membros do sul da Europa, dando nota das nossas linhas vermelhas, para que não tenhamos surpresas”.
O Eurodeputado ressalvou que esta iniciativa, que contou com a coorganização essencial da CAP – Confederação de Agricultores de Portugal, e da Secretária-Geral do Partido Popular Europeu, a Eurodeputada Dolores Monserrat, juntou em Bruxelas mais de 100 agricultores vindos de Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Croácia, e respetivos Eurodeputados, que passaram uma mensagem muito firme ao Comissário da Agricultura. “Este Comissário está a colocar a agricultura no centro do debate europeu. E isto é muito importante, especialmente neste momento. Mas precisa de ajuda para defender a sua posição no Colégio de Comissários, por isso é importante que esteja próximo dos agricultores e das entidades que os representam, como também ouvir as principais reivindicações. Foi uma enorme honra poder contar com a sua presença e compromisso. Para mais, no ano em que celebramos os 50 anos da CAP, foi um gosto recebê-los em Bruxelas, para mais esta jornada de trabalho. Estão de parabéns e temos de agradecer por tudo o que têm feito pelos agricultores nacionais e europeus”.
Paulo do Nascimento Cabral, na sua intervenção, deu nota das prioridades que tem defendido no Parlamento Europeu, desde logo que “a Política Agrícola Comum regresse às suas origens, nomeadamente, à produção de alimentos. A agricultura é um pilar fundamental da segurança e defesa europeias. Temos também de garantir que se mantém a autonomia desta importante política, bem como a sua arquitetura em dois pilares, sendo o primeiro pilar essencial para a estabilização dos rendimentos dos agricultores”, tendo acrescentado ainda que “temos desafios pela frente como a boa gestão dos recursos, desde logo o hídrico, por isso precisamos de uma maior aposta na agricultura de precisão. Tive a oportunidade de, no início do mandato, escrever uma carta com mais três colegas, entre os quais a Eurodeputada Ana Pedro, à Presidente da Comissão Europeia sobre a problemática da seca, tendo contribuído, juntamente com o Conselho, para a inclusão deste ponto o portfolio de uma Comissária e sido criada uma estratégia europeia específica. As Novas Técnicas Genómicas serão também uma ferramenta fundamental para o setor agrícola, até porque os países do sul estão mais sujeitos a pragas e não podemos continuar a proibir a utilização de substâncias ativas sem existirem alternativas melhores”.
O Eurodeputado destacou ainda a necessidade urgente de uma estratégia para “não apenas a renovação geracional, mas para atrair mais pessoas para o setor agrícola, pois a média de idades em Portugal é de 64 anos. Preocupa-me quando pensamos na necessidade de autonomia estratégica, mas depois não teremos ninguém para produzir alimentos. Mas para isso também é importante o reforço do papel do agricultor na cadeia de abastecimento alimentar, de modo a ter rendimentos justos pelo seu trabalho, e encontrar forma de o remunerar pelos diversos outros serviços que presta, para além da produção sustentável de alimentos, que deverão ser financiados para além da PAC”.
A terminar a sua intervenção, Paulo do Nascimento Cabral destacou que “não nos podemos esquecer também da produção agrícola nas Regiões Ultraperiféricas, que têm desafios específicos que têm de ser considerados”, adiantando ainda que “os agricultores podem estar certos de que cá estarei para os defender, para que tenhamos um setor cada vez mais resiliente e uma União Europeia cada vez mais forte, sem dependências externas desnecessárias”.
Fonte: Gabinete do Eurodeputado Paulo do Nascimento Cabral