Na União Europeia, nos últimos 34 anos, as emissões totais de GEE têm evoluído em sentido inverso ao que acontece no mundo, revela o “Annual European Union greenhouse gas – inventory 1990–2023 and inventory report 2025”. O documento destaca uma descolagem progressiva entre o crescimento económico e a emissão de gases com efeito de estufa no espaço comunitário: o PIB – Produto Interno Bruto aumentou 70%, enquanto as emissões se reduziram em cerca de 37% entre 1990 e 2023. Neste último ano em que existem dados, fixou-se em 2,908 mil Mt CO2eq (excluindo aviação e navegação internacional).
A redução das emissões está relacionada com o aumento das energias renováveis, o uso de menos combustíveis fósseis e as melhorias na eficiência energética, assim como com mudanças estruturais na economia, com a redução das emissões mais significativa a registar-se no sector da energia.
Embora com um crescimento em 2021, associado à retoma da economia registado após a pandemia, as emissões em 2023 estão significativamente abaixo (cerca de 37% abaixo) das 4,635 mil Mt CO2 eq contabilizadas em 1990. Em 2023 houve também um decréscimo nas emissões de 8,9% (285 Mt CO2 eq) face a 2022, que corresponde à maior descida percentual de emissões na EU desde 1990 e à terceira maior em termos absolutos, atrás das ocorridas na crise financeira de 2009 e na crise pandémica em 2020.
O sector LULUCF (Uso do Solo, Alterações do Uso do Solo e Floresta) como um todo tem mantido um contributo positivo enquanto sumidouro líquido de carbono e esta realidade manteve-se em 2023, com uma remoção de cerca de 198 Mt CO2 eq. No balanço entre as emissões e remoções deste sector, as áreas florestais e produtos lenhosos removeram cerca de 300,476 Mt CO2 eq, mas este total reduz-se pelas emissões de cerca de 100 Mt CO2 eq provenientes das áreas de cultivo, prados e matos arbustivos, zonas húmidas e alagadas, territórios artificiais e rochas dunas e semelhantes.
As áreas florestais foram em 2023, uma vez mais, responsáveis pelas remoções mais representativas de GEE na Europa – cerca de 9%. Estas áreas representavam cerca de 40% do total do território comunitário (169,105 milhões de hectares em 2023), de acordo com as áreas reportadas pelos 27 países da União, indicando um acréscimo de 7,8% nas áreas florestais face a 1990.
O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.