Vendedores de castanhas assadas em Lisboa justificam o aumento do preço de venda ao público este ano com a subida do valor pago aos produtores pelo quilo do fruto, que, apesar de miúdo, continua a vender bem.
O preço do cartucho das castanhas assadas aumentou 50 cêntimos em vários lugares do concelho. António Morgado, que vende numa das entradas do metro do Largo do Rato, passou a cobrar 3,50 euros por uma dúzia, quando antes pedia três, tal como Maria Irene no Rossio.
Soraia Fernandes e as duas colegas que pousam as sacas de castanhas e o carrinho junto ao Centro Comercial Colombo, entre setembro e março, também subiram este ano o preço no mesmo valor e pedem, agora, quatro euros por 12 castanhas.
Palmira Ferreira, que assa castanhas entre o terminal rodoviário de Sete Rios e a estação de comboios, há 21 anos, manteve o preço, 3,50 euros, que Marco Ferreira cobra já desde o ano passado em São Sebastião, perto do El Corte Inglés.
Enquanto golpeava as cascas com um x-ato e salgava as castanhas, o vendedor justificou à Lusa o aumento do preço de venda ao público com o aumento dos custos de produção, como o “sal, as próprias resmas [de papel], o próprio carvão mineral”, independentemente de as castanhas serem compradas a intermediários ou produtores.
“Tudo, infelizmente tudo sobe”, comentou.
No passado, enquanto vendia uma dúzia a 2,50 euros ou três “muita gente não olhava ao dinheiro” e pedia 24 castanhas, mas agora que a dúzia passou a 3,50 euros os clientes “já olham” ao custo.
Também António Morgado disse comprar o quilo por mais dois ou três euros em relação ao ano passado. O valor ficou próximo do referido por Soraia Fernandes, que arranja o quilo entre os seis e os 7,50. “É muito dinheiro”, comentou.
O volume do negócio continua este ano igual para Maria Irene, que mantém a clientela regular, mas vende também a muitos turistas que passam pelo Rossio. Os cidadãos chineses “adoram” e os italianos são dos que mais compram: “É o que nos vale. Os portugueses, coitados….”
Também no Largo do Rato António não notou diferença no volume de negócio e Palmira, em Sete Rios, não quis tecer comparações com o ano passado, pelo longo tempo que ali vende e pela fidelidade dos compradores.
Já quanto à qualidade do fruto, disse, tal como outros colegas, que as castanhas estão mais pequenas: “não tiveram água”, o que não impediu os clientes de as levarem.
Marco Ferreira desabafou que no princípio da época, em outubro, “foi complicado, porque o ano estava muito seco, vinham muitas castanhas muito caninas [pequeninas]”. No entanto, o calibre aumentou ainda no mesmo mês.
Para Soraia Fernandes, a qualidade é igual à do ano passado e Maria Irene, vendedora desde a década de 1970, afirma que este ano as castanhas estão boas. As martaínhas, variedade que vai buscar ao Norte, são “castanhas mais pequenas, não têm podre nem bichos”.
O aumento do preço e o tamanho reduzido das castanhas pode ser justificado pela época da apanha, que começou atrasada, pela falta de chuva e pelas ondas de calor deste verão em distritos onde este fruto é apanhado, Bragança e Portalegre, segundo produtores ouvidos pela Lusa.











































