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– 21-07-2004 |
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Cabo Verde : Ribeiras secas, ac�cias mirradas e o "milagre" de AgostoCidade da Praia, 20 Jul � assim quase sempre e em quase todas as nove ilhas habitadas do país, com excep��o para Santo Ant�o, onde, gra�as � altitude, o verde ganha por escassa margem ao amarelo �rido. E em todas se aguarda, anos ap�s ano, pelo "milagre" de Agosto, em que a chuva, quando chega, permite, em tempo limitado, dar "folga" � agricultura, sector que abarca mais de metade da popula��o. Em Cabo Verde, com acentuado sublinhado nas ilhas de Santiago e Fogo, sul do arquip�lago, e Santo Ant�o, a norte, os bons anos, aqueles em que a chuva premeia o esfor�o humano, são lembrados como se mitos fossem. Mas não � s� a aus�ncia de chuva que transforma em estoicidade a actividade agr�cola no país crioulo, onde o terreno ar�vel ocupa menos de 10 por cento do territ�rio, mesmo se, como lembra David Monteiro, director-geral da Agricultura, Silvicultura e Pecu�ria, este seja "f�rtil, de grande produtividade" desde que do c�u chegue o "milagre" de Agosto. Em anos excepcionais, e na mem�ria de quem vive das "coisas do ch�o" estáo guardados alguns, como 1963, 1999 e Também 2003, os mercados rejubilam de produtos da terra e a economia do país pode respirar melhor. "Mas não � em todas as áreas", lembra � Agência Lusa David Monteiro, que acrescenta: "S� nas hort�colas se sente a import�ncia da chuva", porque "nos cereais o país jamais poder� ser auto-suficiente", mesmo que a chuva, "quando � minimamente adequada", possa trazer algum desafogo. No entanto, parecem ser bons os tempos que se avizinham, porque a imprensa cabo-verdiana tem divulgado com grande espaço as boas previs�es – oficiais – para a sub-regi�o da �frica Ocidental, que inclui o arquip�lago. Jo�o Gon�alves, 67 anos, que habita um aglomerado de casas nas escarpas de Rui Vaz, uma localidade montanhosa a cerca de 15 quil�metros da Cidade da Praia, na Ilha de Santiago, explicou � Lusa, enquanto limpava uma faixa de terreno ex�gua, que "este ano vai valer a pena", porque "o Criador parece estar atento!". Jo�o Gon�alves recebeu esta notícia através da R�dio de Cabo Verde, que divulgou as previs�es fornecidas pela Direc��o-Geral de Agricultura, e, por isso, este ano está a redobrar os esfor�os para não "desaproveitar" o "milagre" de Agosto. Para chegar � estreita leira de terra onde o velho agricultor amanha o futuro � preciso descer uns bons 50 metros a pique, porque foi ali que a rude natureza do país encaixou um peda�o de terra cultiv�vel. Estas imagens são frequentes na Ilha de Santiago, onde os agricultores se empoleiram literalmente nas escarpas para da terra fazerem sair milho e feij�o, mas não se deixa, por estes lados, fugir a oportunidade de cultivar as pr�prias bermas das estradas. "Onde se pode mete-se o sacho", explica Jo�o Gon�alves num portugu�s l�mpido trazido intacto até hoje dos tempos em que foi funcion�rio dos correios durante a administração colonial portuguesa. Mas, adverte David Monteiro, "as previs�es são previs�es e podem falhar" e, se assim for, para o agricultor empoleirado na sua leira de terra nas escarpas de Rui Vaz, "será um ano mau", mas isso Snão � novidade nenhuma", porque "os anos maus são tantos como o tempo". Am�lia Rico, uma vizinha de Jo�o Gon�alves, que deve ter "a mesma idade", não sabe que vai dos c�us cair, "se desgra�a, se fartura", mas, em crioulo de Cabo Verde, garante: "não será por falta de rezas a Nosso Senhor que a chuva vai cair ao mar e não na terra". Como se não bastasse a falta quase cr�nica de chuva e escassez de terreno ar�vel, o arquip�lago debate-se ami�de com outras contrariedades agr�colas. além das pragas de gafanhoto, a ilha de Santo Ant�o tem sido particularmente vulner�vel aos "mil p�s", um insecto que David Monteiro descreve como "altamente destruidor e de muito dif�cil combate" e que, ainda por cima tem como nome cient�fico "Pirotassus cabo-verdiano" por s� existir nestas ilhas. Para j�, explicam os serviços do Ministério da Agricultura, as parcas nuvens de gafanhoto que t�m chegado �s ilhas oriundas do continente africano "não são de amedrontar", porque os bichos estáo a chegar mortos, mas a situa��o pode inverter-se e, nesse caso, "� preciso recorrer aos produtos usuais de combate �s pragas, embora "os preju�zos não possam todos ser evitados". H�, todavia, pequenos o�sis agr�colas que permitem uma produ��o quase cont�nua de alguns bens, como a cana sacarina e a banana, mas estáo limitados a alguns vales mais acentuados � beira- mar, que usufruem de maiores reservas de �gua doce e aproveitam a humidade poss�vel gra�as � proximidade do oceano. Enquanto o "milagre" de Agosto – que por vezes s� chega em Setembro, ou não chega de todo – não molha a aridez cabo-verdiana, são as cabras magras que v�o animando os leitos secos das ribeiras de Cabo Verde, as ac�cias permanecem mirradas e o amarelo � cor quase �nica de "mar a mar", ou seja, de uma ponta � outra das ilhas crioulas. "está a ver isto tudo seco?", questiona Jo�o Gon�alves, apontando para a sua frente, onde se destacam as vertentes acentuadas da montanha e uma zona pontuada por ac�cias mirradas. "Assim que chegarem as primeiras �guas, ah!… fica tudo lindo, lindo!", exulta.
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