[Fonte: Diário de Notícias]
O Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje que pode desistir de sua intenção de fundir os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, decisão que gerou críticas de ambientalistas e produtores rurais.
“Pode ser que permaneçam os dois ministérios, mas quem irá nomear o titular do Ministério do Meio Ambiente será Jair Bolsonaro e não alguém que aceite pressões”, disse o polémico deputado de extrema-direita, referindo-se a si próprio na terceira pessoa, na sua primeira conferência de imprensa depois de vencer a eleição de domingo.
O Presidente eleito assegurou que ainda terá dois meses para tomar uma decisão, até ao dia 01 de janeiro, data em que assumirá o seu mandato.
“A ideia foi bem recebida inicialmente e foi quase unânime entre os produtores rurais, mas começou a receber críticas e versões de que o Brasil poderia receber pressões internacionais por causa desse projeto”, afirmou Bolsonaro.
“Podemos desistir, mas serei eu quem finalmente nomeará os nomes dos dois ministros”, acrescentou.
A possível fusão dos ministérios foi criticada pelos atuais detentores de ambas as pastas.
“Lamento a decisão porque vai gerar perdas incalculáveis para os produtores rurais do Brasil”, disse o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que é também um dos maiores produtores de soja do mundo.
O ministro acredita que os países importadores de alimentos podem impor restrições comerciais ao Brasil, um dos maiores exportadores mundiais do setor, em retaliação pelas políticas que podem ser consideradas prejudiciais para o meio ambiente.
Isso porque, como alertaram as organizações ambientalistas, o ministério responsável por incentivar a agricultura e a pecuária será o mesmo responsável pela concessão de licenças ambientais para a produção em áreas de preservação.
“O novo ministério terá dificuldades operacionais que podem resultar em danos para ambas as agendas”, afirmou por sua vez o ministro do Meio Ambiente Edson Suarte, que se manifestou “surpreso e preocupado” com a decisão.
A controversa fusão dos dois ministérios foi anunciada na segunda-feira pelo deputado Onyx Lorenzoni, um dos principais colaboradores de Bolsonaro e já confirmado como o futuro ministro da Casa Civil.
De acordo com Lorenzoni, o governo de Bolsonaro irá reduzir o número de ministérios, dos atuais 29 para cerca de “15 ou 16”, como é o exemplo do novo ministério da Economia, que assumirá as atuais pastas das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
“Dezassete é um bom número de ministérios. Pode ser que desistamos de fundir a Agricultura e Meio Ambiente e fiquemos pelos 17”, disse Bolsonaro na sua conferência de imprensa de quinta-feira.
Até agora, o Presidente eleito confirmou apenas cinco ministros, incluindo Lorenzoni e o economista Paulo Guedes, que será o titular do super Ministério da Economia.
Os outros três são o general da reserva do Exército Augusto Heleno Ribeiro, a quem Bolsonaro indicou como chefe da Defesa, o astronauta Marcos Pontes, o primeiro e único brasileiro no espaço e que tomará posse como ministro da Ciência e Tecnologia e o juiz federal Sergio Moro, um símbolo da luta contra a corrupção, e que anunciou hoje como ministro da Justiça.