Se qualquer dúvida houvesse, o mais recente relatório do Instituto Nacional de Estatística, divulgado no último verão e referente a 2018, foi bem claro: o consumo de carne de borrego tem registado um crescimento consecutivo desde 2016 na casa dos portugueses, de norte a sul. Uma evolução que pode surpreender apenas os mais distraídos na matéria, ou não fosse o benjamim da família ovina um dos mais assertivos exemplos de versatilidade no modo de confeção, facilidade de preparação em casa e uma proteína animal com forte tradição e presença no receituário tradicional português.
Quando se junta a este leque de competências a lista de propriedades benéficas que o borrego oferece a miúdos e graúdos, é fácil de perceber a importância do consumo deste animal. Senão vejamos: tem um teor de gordura menor do que muitas das restantes carnes vermelhas; é rica em minerais e proteínas, como o ferro, o fóforo, o zinco, o potássio e o cálcio; e forte em vitaminas como a D e B12, a primeira sendo grande aliada do nosso sistema imunitário e a segunda sendo sinónimo de uma arma eficaz na prevenção de problemas cardíacos e cerebrais. Além disso, o borrego é também uma carne menos alergénica, o que faz com que se torne numa das primeiras a ser autorizada na dieta dos bebés, mostrando aqui a sua forte transversalidade etária como mais-valia.
Mil e uma formas de o confecionar
No tacho, na grelha ou no forno, é indiscutível a tenrura desta carne, muito devido à idade do borrego, considerado como tal até aos primeiros 12 meses de vida. O seu sabor intenso, sui generis, torna-a especial para quem a trabalha na cozinha. À mesa de milhares de restaurantes e casas de norte a sul, estufar, guisar e assar são três dos verbos mais populares no que toca aos diferentes cortes do borrego, quer se trate de perna, peito, pá, costeleta ou pescoço. Mas os mesmos também se podem e devem grelhar, no caso da perna e costeleta, ou fritar, ainda sobre este último corte. Também há quem coza o pescoço.
A sua faceta camaleónica abre margem para que consiga confecionar o borrego de diferentes formas, todos os dias da semana, quer se tenha mais ou menos tempo para dedicar aos tachos, ao fim de um dia de trabalho ou de aulas. A facilidade de confeção pode e deve ser um chamariz para que haja uma ainda maior inclusão do borrego na dieta diária da camada de população mais jovem, até porque lhe traz múltiplos benefícios para a saúde.