Com o preço dos combustíveis a disparar, o European Biodiesel Board garante que a culpa não é da incorporação de biodiesel, embora este tenha custos. “É o custo a pagar pela transição energética”, diz André Paula Santos.
Os biocombustíveis ainda são “um pouco” mais caros do que os combustíveis fósseis, mas o seu uso é vital para a descarbonização do transporte de mercadorias, quer rodoviário quer por mar, mas também para a aviação e até para o transporte individual em países sem poder económico para substituir os carros existentes por elétricos. Esta é a convicção de André Paula Santos, diretor de Assuntos Institucionais do , que defende a necessidade dos políticos informarem os consumidores sobre os custos da descarbonização.
“Já antes da guerra na Ucrânia o preço dos combustíveis estava elevado e disparou entretanto. Mas não é a incorporação de biocombustíveis que está a levar a preços muito elevados na bomba de gasolina. O biodiesel pesa sete ou oito cêntimos em cada litro abastecido e se o eliminássemos o consumidor não sentiria grande diferença porque teríamos de consumir mais combustíveis fósseis, que também custam dinheiro”, diz André Paula Santos, lembrando que os biocombustíveis têm benefícios ambientais, na medida em que “geram menos emissões, que levam a um menor aquecimento do planeta, e a uma melhor qualidade do ar”.
O que não significa que os biocombustíveis não encareçam, necessariamente, o produto final. “Claro que encarecem, mas esse é o custo da transição energética e isso é uma coisa que, muitas vezes, fica por explicar: a transição energética não é de borla, mas tem benefícios que mais do que compensam esse custo e isso tem de ser explicado às pessoas”, defende.
A União Europeia é líder mundial na produção e uso de biocombustíveis, com uma produção anual da ordem dos 15 milhões de toneladas. O(EBB) é a associação europeia do setor, que reúne 43 produtores de biodiesel, responsáveis por aproximadamente 70% do mercado. Inclui desde grandes petrolíferas que têm vindo a apostar crescentemente no setor do chamado diesel verde, como a NESTE, a Total Energies ou a ENI, entre outras, mas também as grandes empresas que operam no segmentos das matérias-primas, como a ADN ou a Cargil, e sem esquecer os produtores mais pequenos como a portuguesa PRIO.
Em causa, diz André Paula Santos – que é um dos oradores da conferência “Biocombustíveis na transição energética”, um evento da responsabilidade da Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis (APPB), que reúne, na quinta-feira, em Lisboa, os principais representantes do setor -está uma indústria que assegura 200 mil postos de trabalho diretos e indiretos, numa contabilização que inclui os agricultores que, não trabalhando a 100% para o segmento dos biocombustíveis, contribuem também para esta cadeia.
E o tema das matérias-primas usadas para a produção destes combustíveis avançados é um dos mais polémicos, já […]