Fundou a Quinta do Barbusano em 2006. Levou seis anos a comprar 88 parcelas a 56 pessoas em São Vicente, hoje tem ali 12 hectares de vinha, metade do que tem na Madeira. Agora olha para o Porto Santo.
António Oliveira andou seis anos para conseguir comprar 88 parcelas de terreno em São Vicente, onde a Quinta do Barbusano tem hoje 12 hectares de vinha — praticamente metade dos 25 hectares que o produtor tem na costa Norte da Madeira. Foi preciso falar com 56 famílias diferentes, mas hoje tem ali, com vista para a Capela de Nossa Senhora de Fátima e, lá ao longe, para o Porto Moniz, uma mancha contínua como há poucas na ilha.
Na área que hoje totaliza 12 hectares não havia mais de 200 metros quadrados de vinha, do que localmente chamam de produtor directo — híbridos sem interesse enológico. “Isto estava tudo cheio de mato. Começámos em 2006 e acabámos em 2012. Foi difícil. O primeiro terreno que nós adquirimos foi este onde nos encontramos, ao senhor José Daniel.” Foi preciso limpar os terrenos e plantar vinha do zero, construir alguns muros de pedra e colocar sistema de rega gota a gota — leva umas quatro horas para regar toda a área e é usado apenas quando é estritamente necessário, quando a chuva teima em cair durante umas duas semanas, por exemplo.
Natural de São Vicente, hoje a viver literalmente no meio da vinha, António Oliveira não cresceu em família de viticultores, mas fez-se, na idade adulta, empresário do sector, explica-nos no alpendre da sala de provas erguida em 2017 e onde diariamente os visitantes provam os vinhos feitos com consultadoria de Paulo Laureano (uma produção que ronda as 100 mil garrafas por ano), bem como diversas iguarias da tradicional gastronomia madeirense.
“Tinha e tenho uma empresa ligada aos produtos agrícolas, da batata [para semear] aos adubos e aos pesticidas. E trabalhei muitos anos, continuo a trabalhar, com a Blandy’s [Madeira Wine Company]. Sou o responsável de vindima deles na zona Norte, falo com os viticultores a quem eles compram as uvas. Desde que o projecto da Quinta do Barbusano nasceu que também lhes forneço uvas. Também fiz muitas preparações de terrenos para plantação de vinhas e estufas.”
Em São Vicente, em vinhas que vão dos 100 aos 300 e poucos metros de altitude, o produtor tem essencialmente Verdelho e alguma Tinta Negra, que no caso da Barbusano só entra no rosé (é pena, dá belíssimos tintos), uma das dez referências da quinta, e num dos dois espumantes que estagiam de momento em cave. Que, neste caso, é como quem diz na adega do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM) em São Vicente, onde no dia-a-dia a […]