A Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal sublinhou que o custo da inação na execução da Estratégia “Água que Une” (AqU) poderá ultrapassar 5,4 mil milhões de euros em 10 anos, um valor superior ao investimento total previsto para o regadio até 2030. O alerta foi deixado pelo presidente da Federação, José Núncio, durante a sessão de abertura da XVI Jornada do Regadio, que este ano assinala os 20 anos da Fenareg, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.
«Estamos a viver um tempo de grandes mudanças e desafios. É tempo de agir e fazer as escolhas certas para garantir um futuro mais resiliente e sereno. O custo da inação é demasiado elevado para o país», sublinhou José Núncio.
Presidente da Fenareg pede acção imediata e modelo de governação centralizado
O presidente da Fenareg defendeu que a execução da Estratégia “Água que Une” deve assentar num modelo de governação ágil, semelhante a uma agência de desenvolvimento com competências globais e dependência directa do primeiro-ministro, para evitar entropias e atrasos burocráticos.
José Núncio sublinhou que seja qual for o formato adoptado, é fundamental incluir representantes dos utilizadores e das autarquias, com poder de decisão, garantindo uma gestão participada e eficaz dos recursos hídricos, em particular na área da agricultura e do regadio.
O responsável anunciou ainda que a Fenareg irá apresentar ao Governo uma proposta com 45 projectos em fase de conclusão para avançar para obra, elaborados pelas respectivas Associações de Regantes e integrados no PDR2020, que podem entrar de imediato em execução, o que, nas suas palavras, seria um excelente sinal para o país e um estímulo à economia.
«Devíamos aproveitar estes projectos para avançarmos desde já com a execução da AqU na vertente da reabilitação e da modernização e melhorarmos os níveis de eficiência das infraestruturas que já temos. A resiliência hídrica é a base da soberania alimentar e da competitividade agrícola. Portugal não pode perder esta oportunidade de investimento», acrescentou.
O encontro do Regadio 2025 decorre num momento em que o sector agrícola enfrenta desafios de governação, financiamento e revisão da Política Agrícola Comum (PAC), tema que a Fenareg considera «crítico» para a sustentabilidade económica e social da agricultura europeia.
Governo quer acelerar investimento e reforçar armazenamento de água
O ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes, que encerrou a sessão de abertura do Encontro Regadio 2025, elogiou o empenho e resiliência da Fenareg ao longo de duas décadas e reiterou que a resiliência hídrica é um desígnio nacional.
«É absolutamente necessário armazenar mais água em Portugal, já que captamos apenas 20% da água das chuvas. Disso depende também o equilíbrio da nossa balança comercial agrícola, que apresenta um défice superior a cinco mil milhões de euros anuais», destacou o ministro.
O governante, para quem competitividade e sustentabilidade têm de andar de mãos dadas, recordou que Portugal tem actualmente €502 milhões em obras de regadio em execução, financiadas pelo Fundo Ambiental, e avisou que a execução dos investimentos do PRR (cerca de €883 milhões até 2026) será uma «tarefa brutal, mas essencial» para garantir a manutenção do financiamento europeu.
José Manuel Fernandes defendeu ainda a criação de uma garantia europeia para os seguros agrícolas e maior aposta em investigação e desenvolvimento para combater pragas e fenómenos agravados pelas alterações climáticas, frisando que «não investir na água sai muito mais caro ao país».
O artigo foi publicado originalmente em Revista Frutas Legumes e Flores.








































