Germano Almeida, comentador SIC, faz a análise aos últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia bem como ao fim do prazo do acordo de cereais e as exigências da Rússia.
O pacto para a exportação de sementes e cereais russos e ucranianos expira esta segunda-feira, com algumas perspetivas de vir a ser renovado, embora a Rússia, através do chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, tenha afirmado que o acordo “está morto”.
Esta é já a quarta renovação desde que o acordo foi celebrado e, a cada renovação, “a Rússia tem dito sempre a mesma coisa: que as bases do acordo não estavam a ser respeitadas”.
“O que a Rússia quer com este acordo é, de algum modo, aliviar as sanções”, impostas pelos aliados da Ucrânia
“Este acordo baseia-se na possibilidade de escoamento dos cereais ucranianos e também de parte cereais russos, mas em muito menos quantidade que os cereais ucranianos. Mas a questão russa está nos fertilizantes”.
Quanto a alternativas e a consequências caso este acordo não seja prolongado, Germano Almeida considera que “não há solução boa, ou seja, não há alternativa ao acordo dentro daquilo que o acordo permitiu, que foi uma estabilização dos mercados em algo essencial, como é o escoamento desses produtos e as consequências a nível dos mercados”.
Se o acordo não for renovado, “é inevitável, no mínimo, instabilidade, muito possivelmente aumento dos preços dos cereais, dos fertilizantes e, portanto, de muitas outras coisas de vários produtos associados por todo o mundo”.
Cimeira dos BRIC com presença de Putin?
No final de agosto decorre na África do Sul a Cimeira BRIC, que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com a eventual presença de Vladimir Putin, aconselhado pelo Presidente sul-africano a não comparecer.
“Não acredito [que Putin saia de território russo], há um mandado de detenção internacional do TPI”.
A África do Sul, uma vez que assina o Estatuto de Roma, “está obrigada a executar esse mandato se Putin metesse os pés na África do Sul, o que não vai acontecer”, afirma Germano Almeida.