A Missão Natureza 22 foi apresentada esta sexta-feira e quer que 2022 seja o ano do património natural português. “Portugal é um dos países com mais biodiversidade da União Europeia”, disse o secretário de Estado da Natureza e Florestas, mas há ainda “muito por fazer”.
Em Portugal, “a biodiversidade tem estado em acentuado declínio desde o início dos anos 1970”, afirmou nesta sexta-feira o professor catedrático Miguel Bastos Araújo, na apresentação do estudo que liderou sobre biodiversidade e alterações climáticas. No Parque Nacional de Queluz, onde também decorreu a conferência inaugural da Missão Natureza 22 (do ICNF, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), o investigador da Universidade de Évora (que venceu o Prémio Pessoa 2018) elencou uma série de desafios e objectivos para proteger e recuperar o património natural português. “Se continuarmos a fazer as coisas como estamos a fazer, há um cenário de perda imensurável até ao final do século.”
E o que se pode fazer, então? É preciso mais eficácia e trazer “a conservação para o domínio da sustentabilidade”. A criação de uma Estrutura de Adaptação Climática da Biodiversidade, por exemplo, permitirá ajudar a proteger 30% da superfície terrestre e a restaurar ecossistemas naturais, sobretudo os que têm um papel na captura e armazenamento de carbono. É uma das ideias que se defende no estudo “Biodiversidade 2030: nova agenda para a conservação em contexto de alterações climáticas”, pedido pelo anterior Ministério do Ambiente e da Acção Climática ao investigador Miguel Bastos Araújo.
“Para protegermos esta riqueza [da natureza em Portugal] não há nada como desafiar os melhores a pensar na sua valorização”, explicou o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, no encerramento do primeiro encontro da Missão Natureza 22. “O objectivo é aproveitar todo este trabalho para criar as condições para aplicar aquilo que é o financiamento comunitário que temos ao nosso dispor até 2027”, referiu o ministro, que esteve da parte da manhã a visitar as obras de recuperação e requalificação ambiental feitas em Vila do Conde e no Encontro dos Sapadores Florestais do Alto Minho. Depois de ouvir as recomendações deste estudo, “será incontornável reflectir sobre a política da biodiversidade portuguesa”. “Há muito trabalho para fazer.”
Alguns desafios elencados por Miguel Bastos Araújo são a dificuldade de aceder a dados centralizados, a ausência de planificação da conservação da natureza, a gestão passiva da biodiversidade, um […]