Embora muito já se tenha escrito sobre o maior incêndio que se abateu sobre Portugal nos últimos séculos, não posso deixar de usar esta minha crónica para me solidarizar com as famílias das 64 vítimas mortais, e mais de 200 feridos do enorme incêndio, para que Deus lhes dê coragem de enfrentar uma dor que será seguramente algo de muito difícil de ultrapassar.
Posto isto, que é seguramente o mais importante de toda esta tragédia, parece-me que houve uma conjugação de fenómenos naturais (estando ainda por descobrir se houve mão criminosa no atear do fogo, ou se se tratou de um raio natural), que dificilmente acontecem e que criaram condições de propagação jamais vistas nos muitos incêndios florestais que todos os anos nos afetam.
Todos os anos invariavelmente quando somos atingidos por esse leviano fogo que consome as nossas florestas, neste caso, mais de 50.000 hectares abolidos, se junta um coro de “intelectuais” que acusa, define estratégias e cria em todos a sensação que “agora é que vai ser e finalmente vamos ver este problema resolvido”.
Confesso que no caso deste incêndio poderá ter havido “erros”, mas, com ou sem eles, dificilmente poderíamos ter parado o avanço imensurável das chamas.
Imaginem entretanto que isto se tinha passado com um governo de Centro Direita e veriam o coro uníssono das esquerdas a culparem esse mesmo governo exigindo demissões, fazendo greves e manifestações por todo este País. Porque para eles tudo se justifica para atingir os fins.
Felizmente a Direita é diferente e soube respeitar em silêncio a tragédia que sobre todos se abateu.
Uma palavra de apreço ao Presidente da República que desde a primeira hora vem acompanhando tudo isto, transmitindo enorme serenidade e solidariedade.
Independentemente das responsabilidades a que o SIRESP parece não ser alheio, fica-me a convicção de há muitos anos, que parte da solução do problema deveria passar pelos Presidentes das Juntas de Freguesia que melhor que ninguém conhecem os terrenos e as matas da sua freguesia bem como os respetivos donos.
Bastava então legislar no sentido de que eles tivessem poder para Fevereiro/Março/Abril poderem mandar limpar as matas e se o proprietário não o fizesse, a própria Junta o faria enviando a conta ao proprietário, que se não quisesse pagar, perderia por 10 anos a possibilidade da sua utilização.
Assim conseguiriam seguramente uma floresta mais limpa e arrumada. Criavam-se mais umas centenas de postos de trabalho e finalmente tínhamos a questão da propagação rasteira dos incêndios, definitivamente resolvida.
Termino como comecei, tenho esperança que finalmente se tomem medidas que resolvam o problema e evitem a perda de vidas humanas.
Creio sinceramente que tal será possível.
Assim haja vontade de todos para que isso seja uma realidade.