Em 2026, agricultores de Nova Iorque, Carolina do Norte e Argentina poderão comprar um aditivo de fertilizantes e pesticidas feito a partir de resíduos de cascas de camarão, desenvolvido para ajudar as plantas a absorverem mais nutrientes e aumentar o rendimento das colheitas.
A solução foi criada pela Unibaio, startup fundada em 2022 na Argentina, que utiliza polímeros extraídos de cascas de crustáceos para ativar mecanismos naturais das plantas.
“Se as plantas tiverem um papel ativo, em vez de passivo, tal como acontece hoje, talvez possamos usar menos de tudo o que lhes aplicamos, porque elas estão a ajudar-nos a ajudá-las”, afirmou Matias Figliozzi, CEO e um dos cinco cofundadores da empresa.
Segundo o diretor da startup, os insetos e fungos que atacam as plantas transportam um polímero específico que desencadeia uma resposta hormonal. “Uma das coisas que elas fazem quando tentam ser mais fortes é absorver nutrientes”, explicou o responsável, avançando que os crustáceos possuem o mesmo polímero, o que permitiu à equipa utilizá-lo para benefício das culturas.
Claudia Casalongue, cofundadora e diretora de tecnologia da startup, iniciou o trabalho de aproveitamento do polímero usando resíduos de cascas de camarão disponíveis na Patagónia. A equipa recorreu à nanotecnologia para alterar a forma do polímero, transformando-o numa espécie de “bola com furos”, capaz de prender fertilizantes ou pesticidas. Quando pulverizado sobre as plantas, o produto ativa o reflexo de absorção e permite uma entrega mais direta dos nutrientes.
“Atualmente vemos o produto como uma ferramenta para aumentar a produtividade, mas os esforços futuros vão centrar-se na redução da quantidade de químicos necessários”, referiu Matias Figliozzi.
Os primeiros ensaios públicos foram realizados em culturas de maçã, tomate e batata. Em Nova Iorque, as colheitas de maçã aumentaram até 8% com o uso do produto, embora o impacto varie consoante as condições e a utilização prévia de químicos.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.