O Politécnico de Leiria desenvolveu um protótipo que visa a prevenção e detenção de incêndios e contribui para a identificação de eventuais suspeitos do crime florestal, através da utilização de drones.
O projeto “DBoidS – Sistema de Gémeos Digitais e boids para a prevenção de fogos” foi apresentado hoje na Lagoa da Ervedeira, no concelho de Leiria, na presença da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Guarda Nacional Republicana (GNR), Polícia Judiciária (PJ), Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e Câmara Municipal de Leiria, que observaram o papel dos drones na deteção de um suspeito e do início de um incêndio.
Após uma rota predefinida com base em algoritmos e assente no modelo gémeo digital, os drones levantaram voo e iniciaram o percurso de vigilância. Pelo caminho, um deles detetou um veículo e entrou em perseguição, lançando de imediato um alerta aos operacionais. Pouco depois, o calor e o fumo emanado de uma fogueira criada para o teste foram também identificados por outro drone. Depois de validadas as informações é feita comunicação às autoridades com a indicação das coordenadas do local.
Desenvolvido pelo Centro de Investigação em Informática e Comunicações (CIIC), do Politécnico de Leiria, em parceria com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESCTEC), António Pereira explicou que existe uma plataforma ligada a vários drones, com operacionais a segui-los à distância.
O investigador responsável pelo projeto precisou que “existe um centro de operação que está a recolher e a validar os alertas”. “O nosso algoritmo diz para onde é que há de ser em função do risco de incêndio, se há mancha florestal ou não. Isto é muito bom para zonas críticas. Se tivermos drones de maior alcance, é para zonas mais alargadas e dá outra segurança”, destacou.
Para o projeto ser aplicado na prática necessita de drones com maior autonomia, uma vez que os utilizados têm apenas 15 minutos de bateria. “Apresentámos um produto, passámos da investigação para as entidades e depois elas é que gerem e têm informação para operar”, acrescentou.
Para o comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Leiria, Carlos Guerra, a utilização dos drones “estão a ser muito úteis. Nós já os usamos vulgarmente e o Politécnico de Leiria traz-nos mais algumas competências na utilização destes equipamentos, utilizando a inteligência artificial”.
Os “algoritmos novos” permitem “ter um sistema de apoio à decisão, ter o seguimento de algumas deteções dentro do próprio teatro de operações, portanto traz aqui um novo paradigma em relação ao uso dos drones no combate e na vigilância e na deteção e tudo o que diga respeito aos incêndios rurais”.
Carlos Guerra salientou a “deteção precoce, muito assertiva e muito bem localizada, inclusivamente dando pistas para o que depois será a investigação das causas de incêndio”, assim como “o apoio ao combate para a mobilização de meios”.
O chefe da secção Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) de Leiria, Paulo Sousa, considerou que este projeto pode ser um “complemento bastante credível aos sistemas” que a GNR já possui, “seja a vigilância fixa, móvel e a videovigilância”, mas também na investigação criminal.
Iniciado em 2022, com financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o projeto visou o desenvolvimento de soluções com tecnologias emergentes, como drones a voar em frota numa missão, gémeos digitais, inteligência artificial e seguimento de objetos em tempo real, para prever, prevenir e apoiar o combate a incêndios florestais.
Para assinalar o encerramento do projeto, realiza-se esta sexta-feira um encontro subordinado ao tema “A Tecnologia na Prevenção dos Incêndios Rurais e Preservação da Floresta”, com a participação de várias entidades.