O Governo da Polónia anunciou hoje que vai prolongar unilateralmente a proibição das importações de cereais ucranianos após 15 de setembro, data fixada por Bruxelas.
“Qualquer que seja a decisão subsequente da Comissão [Europeia], não abriremos a fronteira aos cereais ucranianos após esta data”, referiu o executivo polaco numa declaração, na qual sublinha a necessidade de continuar a procurar uma solução para esta questão a nível europeu.
“No entanto, se Bruxelas não mantiver o embargo, nós próprios implementaremos estas soluções. Esta é uma questão fundamental para nós. Os interesses do lado polaco são os mais importantes para nós”, justifica o Governo de Varsóvia.
Embora a Polónia seja um importante fornecedor de ajuda militar e humanitária à Ucrânia e acolha cerca de um milhão de refugiados ucranianos, a questão das importações de cereais provocou uma disputa diplomática entre os dois países vizinhos.
A Ucrânia anunciou hoje que estava disposta a levar o assunto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para exigir uma compensação à Polónia, perante a decisão polaca de prolongar a proibição às importações de cereais ucranianos.
Apesar de ser uma reconhecida aliada de Kiev, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, apontou críticas à Polónia, acusando as autoridades do país vizinho de “populismo político antes das (…) eleições legislativas”, programadas para meados de outubro.
Numa mensagem publicada na rede social X (ex-Twitter), Denys Chmygal afirmou que, perante tal cenário, a Ucrânia será forçada a recorrer à justiça internacional, através da OMC.
Numa resolução aprovada hoje, o Governo polaco pediu à União Europeia (UE) que prorrogasse a proibição das importações de quatro cereais: trigo, milho, colza e sementes de girassol.
As autoridades polacas asseguram que a proibição “permanecerá em vigor até que a ordem seja restaurada nas relações agrícolas entre a Polónia e a Ucrânia”.
O conflito na Ucrânia e os problemas com as exportações de cereais ucranianos através do Mar Negro fizeram da UE uma importante rota de trânsito e de destino de exportação dos cereais ucranianos.
Em abril, a UE autorizou cinco Estados-membros (Bulgária, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia) a proibir a comercialização de trigo, milho, colza e girassol ucranianos no seu território, desde que não impeçam o trânsito para outros países.
A medida destinava-se a proteger os agricultores destes países, que culpavam estas importações pela queda dos preços nos seus mercados locais.
Esses cinco Estados solicitaram que essas proibições, que expiram na próxima sexta-feira, segundo o calendário definido por Bruxelas, fossem prorrogadas.
A questão é particularmente sensível na Polónia, onde o atual Governo conservador do partido Lei e Justiça goza de forte apoio nas regiões agrícolas.
“Quero assegurar a todos os agricultores que defenderemos os interesses dos agricultores polacos”, prometeu o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki.