A Federação Renovação do Douro considerou hoje que o valor do apoio de emergência da Comissão Europeia para os produtores de vinho é escasso, alertando para a necessidade de regular a importação e o acesso a destilações de crise.
“O valor ainda é escasso para aquilo que são as necessidades. Penso que o senhor ministro [da Agricultura] está a fazer todos os esforços. Vamos ver até que ponto se consegue reforçar esta verba”, afirmou o presidente da associação que representa a produção na Região Demarcada do Douro, Rui Paredes.
O responsável alertou para a necessidade de resolver algumas entropias existentes neste mercado, em especial no que diz respeito à importação de vinhos.
“O importante aqui é que também haja um controlo de entrada de vinhos de fora da região, falo do Douro, mas do [resto do] país também. O negócio não pode estar assente no modelo de preço baixo à custa da importação de vinhos de outras regiões”, alertou.
No caso da Região Demarcada do Douro, onde há “custos grandes de produção”, cerca de 44% do vinho produzido é oriundo de outras paragens, valor que “deturpa” o mercado.
“Esta comparticipação europeia deverá ter, também, um reforço de verba e que, efetivamente, só possa ir a esta destilação quem trabalha a 100% com vinho e uvas da sua região”, reiterou o representante da produção.
A Comissão Europeia anunciou hoje a atribuição de 15 milhões de euros da União Europeia para apoiar produtores de vinho portugueses com graves perturbações do mercado, num ‘bolo’ total de 77 milhões de euros para quatro países.
No pacote está previsto que o apoio à destilação temporária e excecional de vinho em casos de crise para os beneficiários em Portugal tenha de ser pago até 30 de abril de 2025.
Para tal avançar, os atos legislativos que estabelecem estes apoios serão adotados nos próximos dias, sendo diretamente aplicáveis após a sua entrada em vigor em julho de 2024.
A Federação Renovação do Douro acredita que o Ministério da Agricultura está atento às problemáticas do setor, em especial à importação de vinhos, um “modelo a não seguir”, e espera que sejam estabelecidas regras para uma concorrência justa.
“Quem tiver importado vinhos ou trabalhado com vinhos de fora da região, nomeadamente no Douro, não pode ir a uma destilação de crise. Se comprou foi porque precisou de comprar e, por isso, não é possível dizer que têm em excesso”, vincou.