MOÇÃO
Nos últimos anos, a situação dos viticultores durienses degradou-se acelerada- mente. Enquanto os preços pagos à produção se mantêm em valores de há 25 anos, os custos de produção (combustíveis, fitofármacos, energia, fertilizantes) cresceram bas- tante, sobretudo a partir de 2022. Como se não bastasse, na Região Demarcada do Douro, acentuou-se o desequilíbrio entre o poder de mercado das grandes casas comer- cializadoras e exportadoras, e o dos viticultores, em especial, dos pequenos e médios.
Mantêm-se problemas na fiscalização na entrada de mostos e comercialização de vinhos que são vendidos como se do Douro fossem originários, que contribuem para os excedentes de produção que se acumulam, e para os baixos preços pagos aos viticulto- res
Os viticultores da RDD têm sido ostensivamente deixados à mercê de uma engre- nagem que esmaga deliberadamente o modelo produtivo da região, assente em muitos milhares de pequenos e médios produtores, esmagando também o valor do seu produto e do seu património. Por isso, cada vez mais viticultores se confrontam com crescentes dificuldades para continuar a cultivar as suas vinhas. Esta é uma situação que se agrava há tempo demais, e é inadmissível a passividade das entidades responsáveis, desde o Governo ao IVDP ou a algumas autarquias locais.
As ameaças que pairam sobre a campanha de 2025, num ano em que os viticulto- res foram obrigados a grandes gastos com as suas vinhas, apontam para um novo agra- vamento da situação na região. Falamos em concreto da chantagem exercida por algu- mas das casas comercializadoras e exportadoras, e também da intenção que existe de promover um novo corte no quantitativo do benefício.
Exigimos por isso medidas concretas e imediatas para fazer face a esta situação e para resolver a crise estrutural que está em curso na RDD.
Os viticultores durienses, reunidos em plenário, no Peso da Régua, a 1 de Junho de 2025:
• Reclamam o aumento do quantitativo do benefício, e rejeitam veementemente que, em 2025, este seja fixado abaixo do valor de 2024;
• Exigem que o Estado fixe preços mínimos para as uvas, e que estabeleça a proi- bição da compra de uvas abaixo dos custos de produção;
• Reclamam que a aguardente a utilizar na produção do vinho generoso seja prio- ritariamente regional, de modo a permitir escoar toda a produção de uvas da RDD;
• Reclamam que seja conferida à Casa do Douro capacidade legal e operacional para ter um papel efetivo na estabilização dos stocks, através da compra e armazena- mento de excedentes;
• Exigem uma fiscalização efetiva na entrada de mostos e vinhos oriundos de fora da região;
• Reclamam, como medidas imediatas e conjunturais de gestão de crise:
1) a compra pelo Estado de stocks excedentários das adegas cooperativas, refres- cando os stocks armazenados na Casa do Douro;
2) a implementação de uma medida de apoio à colheita em verde, com dotação financeira suficiente, desenhada de modo a poder ser um apoio atrativo para os viticul- tores, e apoiando prioritariamente os pequenos e médios viticultores;
3) a programação de uma medida de destilação de crise direcionada prioritaria- mente para as produções dos sócios das adegas cooperativas (através destas), e para os produtores que não tenham adquirido vinhos a terceiros.
Os viticultores durienses decidem ainda:
◦ Apoiar o abaixo-assinado posto a circular pela Casa do Douro
◦ Realizar uma grande manifestação de viticultores no dia 02 de Julho, na Régua, exigindo a adoção do conjunto das propostas e reclamações constantes nesta Moção
Esta é a hora de agir e de sermos ouvidos! É todo um património económico, so- cial, ambiental e cultural, contruído por gerações de viticultores, que está em risco!
Vivam os viticultores durienses!
Viva a Região Demarcada do Douro!
Fonte: CNA