Os produtores de vinho biológico em França estão a enfrentar desafios decorrentes da decisão da Autoridade Nacional de Segurança Alimentar (Anses, sigla em francês) de recusar a renovação da aprovação de 20 fungicidas à base de cobre.
A decisão deixa o setor preocupado com o combate ao míldio, uma das principais doenças da vinha.
Entre os produtos retirados do mercado estão preparados em pó amplamente utilizados, como o Kocide 2000 e o Kocide Flow. Apenas dois fungicidas – Champ Flo Ampli e Héliocuivre – mantêm autorização, mas sujeitos a regras muito mais restritivas.
A Anses justificou a medida com riscos para a saúde dos trabalhadores, sublinhando que os dados fornecidos pelos fabricantes não demonstram segurança suficiente: “Cabe ao distribuidor comprovar a ausência de risco inaceitável na utilização do produto”, afirmou a autoridade.
As novas regras impõem um limite de 4 kg de cobre por hectare por ano, aplicações com intervalo mínimo de sete dias, restrições junto a zonas residenciais e linhas de água e a proibição de tratamentos durante a floração.
O setor reagiu com críticas, lembrando que muitos produtores tinham regressado recentemente aos fungicidas em pó por razões financeiras, já que são mais baratos. A partir de 2026, esses produtos deixarão de estar disponíveis.
Segundo o Instituto Francês da Agricultura Biológica, os viticultores biológicos franceses utilizaram em média 3,72 kg/ha de cobre em 2024, mas com valores superiores em regiões como Nova-Aquitânia (4,8 kg/ha), Champagne (4,55 kg/ha) e Borgonha (4,3 kg/ha).
Em França, a apreensão cresce. Segundo François Garcia, da Câmara Agrícola de Hérault, “o cobre é indispensável na agricultura biológica. Estas restrições terão consequências graves”. Já a associação SudVinBio salienta que muitos viticultores poderão vir a abandonar as práticas biológicas.
Já o Instituto Francês da Vinha e do Vinho enfatizou que, para a vindima de 2026, ainda estarão disponíveis 17 fungicidas à base de cobre. No entanto, as respetivas autorizações expiram nesse mesmo ano e, se forem aplicados os atuais critérios de renovação, especialistas alertam que esses produtos também poderão desaparecer do mercado francês.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.