No dia 6 de Maio o Diretor-Geral da OIV foi recebido pelo Professor Antero Martins e Professora Elsa Gonçalves.
No dia 6 de Maio de 2021, o Diretor-Geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), Pau Roca, foi recebido no Pólo Experimental de Conservação das Variabilidade das Videiras Autóctones em Pegões por dirigentes do sector vitivinícola nacional e pelos professores do Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Antero Martins e Elsa Gonçalves, tendo manifestado o seu apreço pelo trabalho «de grande importância para a vitivinicultura mundial» ali desenvolvido.
Gerido pela Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (PORVID), sob um protocolo de parceria com o Ministério da Agricultura e Mar, este pólo é uma estrutura pioneira dedicada à conservação integral da diversidade das castas de videira (diversidade intravarietal) com vista à valorização, adaptação e sustentabilidade da vitivinicultura, na qual são conservados mais de 30 000 genótipos (clones) de castas, tendo como objetivo chegar aos 50 000 de todas as 250 castas nativas do território nacional.
Neste pólo o conhecimento científico é valorizado na inovação das seleções policlonais das castas para viticultores e enólogos, uma abordagem inovadora criada em Portugal e, desde 2019 reconhecida pela OIV numa resolução aprovada unanimemente pelos seus 48 estados-membros.
Este projecto é liderado pelo Professor Jubilado do Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Antero Martins. Foi Antero Martins quem destacou as bases teóricas e metodologias de estatística e genética quantitativa que robustecem a abordagem inovadora desenvolvida e testada em Portugal, através do grupo de Genética Quantitativa e Melhoramento de Plantas no ISA, que tem desenvolvido nas últimas 4 décadas métodos inovadores de selecção e conservação da diversidade intravarietal das castas e videira, que são levados à prática em grande escala pela Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira – PORVID da qual o ISA é membro fundador e Presidente da Direcção.
Esses métodos estão já refletidos desde 2019 na Resolução OIV-VITI 564B-2019 da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) para aplicação no mundo vitivinícola e foram pessoalmente observados pelo Diretor-Geral da OIV, cuja recepção no pólo de Pegões teve início com uma apresentação na sala do Professor Antero Martins, tendo em seguida decorrido uma demonstração prática, nos vários campos de ensaios existentes no pólo, onde a Professora Elsa Gonçalves (ISA) falou dos aspetos mais críticos da aplicação das metodologias demonstrando que os campos de ensaio, «pelo rigor a que obrigam, são verdadeiros laboratórios ao ar livre».
A visita terminou com a prova de vinhos produzidos exclusivamente com castas portuguesas menos conhecidas, conduzida por António Graça, representante da Sogrape na PORVID. Castas como a Sercialinho, Tinta Francisca ou a Touriga Fêmea constaram desta prova e António Graça indica que “poderiam hoje estar extintas se não fosse este trabalho de conservação iniciado há 40 anos».
Pau Roca, Diretor-Geral da OIV, felicitou os responsáveis e valorizou a abordagem pela conservação da biodiversidade e de compreensão da natureza enquanto base para o futuro da vitivinicultura mundial.
Nesta iniciativa participaram diversas entidades, entre as quais, o Instituto da Vinha e do Vinho, Viniportugal, Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal.
O artigo foi publicado originalmente em Instituto Superior de Agronomia.