Vai ser assinado na próxima segunda-feira o contrato de reestruturação financeira do Grupo Sousacamp, o maior produtor de cogumelos nacionais com sede em Vila Flor, face ao acordo alcançado entre o fundo de capital de risco CoRe Restart e os principais credores, nomeadamente o Novo Banco, Caixa Agrícola e IFAP (Instituto de Financiamento Agrícola e Pescas).
O gestor de insolvência, Bruno da Costa Pereira, explicou ao Jornal de Notícias que vai realizar-se a escritura de transação dos créditos. “Depois o tribunal será informado que já se deu cumprimento a essa condição e terá a possibilidade de se pronunciar sobre a homologação do plano que foi aprovado para se tornar efetivo para os credores”, descreveu.
O plano foi aprovado em assembleia de credores a 2 de março, no entanto continha condições precedentes à homologação, nomeadamente a transação dos créditos detidos pelos bancos, cuja negociação agora foi concluída.
A CoRe prevê um investimento de cerca de 12 milhões de euros na Sousacamp para a sua viabilização, numa primeira fase, com possibilidade de mais sete milhões a título suplementar. Há compromissos para a manutenção de mais de 400 postos de trabalho, ainda que a empresa tenha chegado a acordos de rescisão com alguns funcionários “porque havia excesso de mão-de-obra face às necessidades”, referiu. Entretanto, entre dezembro e abril a CoRe já fez três empréstimos à massa insolvente num total de dois milhões de euros “para reformular o sistema de produção e garantir o pagamento aos trabalhadores quando houve quebras nas receitas” afirmou o gestor.
A empresa entrou há dois anos no Processo Especial de Revitalização.
Bruno da Costa Pereira admite que as negociações para fechar o acordo” foram difíceis e muito duras porque está em causa um perdão de dívida considerável”. Ou seja, um valor total que ronda os 54 milhões de euros, o equivalente a 75% do valor total. “Foi muito complexo porque envolve cinco entidades, quatro caixas de Crédito Agrícola, mais o Novo Banco e a CoRe Capital”, acrescentou o gestor de insolvência.
A Sousacamp dispõe de três unidades, repartidas por Vila Flor, Vila Real e Paredes, ainda que nesta última não se esteja a produzir, unicamente é usada para embalamento/ expedição. A possibilidade de voltar a produzir está em análise, mas Bruno da Costa Pereira ressalva que para tal “será necessário fazer investimentos prévios para a tornar capaz”.
A viabilização do grupo Sousacamp agrada ao SINTAB – Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Industrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal que por diversas vezes realizou protestos contra eventuais despedimentos. “Tudo o que seja para viabilizar o futuro da empresa deixa-nos satisfeitos, principalmente a manutenção de postos de trabalho. No entanto, os trabalhadores que foram convidados a rescindir e não aceitaram continuam postos de parte e a trabalhar à parte nos corredores, cheios de frio e sem condições de segurança face à pandemia.
Estes trabalhadores não foram convidados para a assembleia da empresa”, explicou José Eduardo Andrade, delegado daquele sindicato.